RECORTES DA HISTÓRIA DE ARAGUARI
Da Época dos Bandeirantes ao Ano de
1976
Apresentação
O texto que adiante segue teve
como referência fundamental a acurada pesquisa levada a efeito pelo Professor
Severino Coelho. Escrevi esta monografia para participar de um concurso
promovido Academia de Letras de Araguari, no ano de 1976. Confesso que não
tinha qualquer pretensão de vencer certame. Todavia, fui o único inscrito. E,
por incrível que possa parecer, o relator da Comissão Examinadora classificou
meu trabalho em segundo lugar. Fato inédito! Fui o único a participar do
concurso de monografias sobre a história de Araguari e não venci. Fica o
bisonho resultado incorporado ao anedotário dessa Cidade Sorriso...
Passados já quase 40 (quarenta)
anos da apresentação de meu despretensioso ensaio àquela banca de concurso,
cumpro o que prometi, disponibilizando o texto, apenas a título de subsídio,
para os que amam essa Cidade e entendem que o registro de sua história deve ser
prestigiado. Não faltará, por certo, quem se disponha a escrever histórico mais
alentado, em formado científico e criterioso. Temos já publicados os livros: Pelos
Caminhos da História: Pessoas, coisas e fatos de Araguari de Abdala
Mameri; 100 anos de dados e fatos pela Faculdade de Filosofia
Ciências e Letras de Araguari; Vozes da Lama de Fernando de Lima;
Sou Mário Nunes de Araguari, de José Eustáquio Valverde Moraes; Araguari
e sua história (recém-lançado) e para completar é de ser mencionado o
acervo virtual, na Internet, do Grupo Reza a Lenda que em Araguari.... com
ótimos textos e ilustrações.
Apresento, pois, o meu intento
de monografia, que ficou em um segundo lugar... durante quase 40 anos. Mas, a
Cidade que nos acolhe seguirá sempre em primeiro.
Araguari, quase Primavera de 2015.
Jonas Alves da Silva
INTRODUÇÃO - ANTECEDENTES
Desde 1623, os bandeirantes investiam
contra a organização político-teocrática dos jesuítas obedientes às ordens do
superior padre Roque Gonzales de Santa Cruz. O objetivo destas bandeiras era
preparar índios para a escravização. O capitão-mor, Álvaro Luiz do Vale, com
receio de perder seus homens quando deles mais necessitava para enfrentar o
perigo da invasão holandesa, baixou um mandato ordenado aos oficiais da câmara
a não deixar que saíssem sertanistas e que apreendesse toda pólvora e todo
chumbo que fossem encontrados. Embora nem todos obedecessem a essa ordem, as
bandeiras só tiveram franco prosseguimento depois de 1628, quando Manoel Preto
e Antônio Raposo Tavares se lançaram rumo ao sul, com 70 paulistas, 900
mamelucos e 2.000 índios.
O objetivo principal dessa bandeira era
a destruição do império jesuíta das reduções paraguaias, alargando os domínios
portugueses da América, mediante o recuo do meridiano do tratado de Tordesilhas
e como fruto imediato, a captura de índios. A luta foi feroz e encarniçada,
terminando com a derrota dos jesuítas, que se mantiveram na margem direita do
Paraná. Destruídos, uma a uma, as reduções, todos os índios foram arrebanhados
e conduzidos para São Paulo.
Sem que ninguém o soubesse como, um
desses jesuítas, o padre Caturra, desgarrou-se dos seus irmãos em fuga, subiu o
Paraná conduzindo alguns índios em poucas canoas, ganhou o Paranaíba, penetrou
o Rio das Abelhas, e foi localizar-se à margem direita desse rio, onde mais
tarde haveria de surgir a Aldeia de Sant’Ana, hoje Indianópolis.
Esse padre penetrou regiões
absolutamente virgens, vencendo uma natureza hostil, realizando uma viagem
prodigiosa. Depois de reunir mais de 5.000 índios nesse aldeamento, padre
Caturra regressou ao sul, levando consigo os Guaranis que lhe eram fiéis. Foi
essa a primeira semente da civilização em terras do Triângulo Mineiro.
Em 1593, sob o reinado de Felipe II, da
Espanha, Sebastião Marinho pisou pela primeira vez as terras incultas de Goiás.
A segunda bandeira que penetrou as regiões desconhecidas do Brasil Central foi
a de 1596, conduzida por João Pereira de Sousa Botafogo. Depois dessa foi a de
Domingos Rodrigues, que saiu de São Paulo de Piratininga, também em 1596.
Belchior Dias Carneiro saiu de Piratininga em 1607, e Antonio Pedroso de
Alvarenga partiu em 1615.
Desde então até 1665, nenhuma
iniciativa houve de incursão em Goiás. Essas incursões estiveram proibidas por
ordem do capitão-mor Álvaro Luiz do Vale. Depois disso muitas bandeiras
penetraram Goiás, vindas do norte, a mando do Governador do Maranhão (1762).
Bartolomeu Bueno da Silva, o filho,
requereu de Dom João V, em 1720, licença para penetrar a região de Goiás, onde
já estivera em companhia de seu pai. Vê-se pelo requerimento que Bueno estava
associado a João Leite da Silva e Domingos Pires do Prado. Isso se deu exatamente
quando o conde de Assumir, Dom Pedro de Almeida, deixava o governo de São
Paulo, passando-o a D. Rodrigo Cezar de Menezes, que empossou em 5 de setembro
de 1721. D. João V acedera ao requerimento de Bueno, o filho, por Carta Régia
de 14 de fevereiro de 1721. D. Rodrigo estudou o pedido, reunindo informações
sobre a idoneidade de peticionário, concordando, afinal, com a aprovação.
Bartolomeu Bueno da Silva, o filho, partiu de Piratininga em junho de 1722. O
bandeirante atravessou o Rio Grande, passou pelas imediações de Araguari e
penetrou em Goiás pela margem direita do Rio São Marcos, por onde seguiu rumo a
Planaltina. Depois de peripécias inenarráveis, Bueno voltou a São Paulo,
entregando a D. Rodrigo um relatório acompanhado do material coletado, sendo
recebido com manifestações jubilosas. Bueno obteve a concessão dos rios com
todo o seu ouro, para si e até para a sua terceira geração. Sua chegada em São
Paulo se deu em 21 de outubro de 1725.
Bartolomeu Bueno da Silva empreendeu a
sua terceira incursão, já empossado no título de Superintendente das Minas,
partiu de Piratininga no dia 12 de junho de 1728, sob o governo de Caldeira
Pimentel, sucessor de D. Rodrigo. Desde então, Bueno entrou em desgraça, sendo
atrozmente perseguido por Pimentel, que o processou e o difamou. João Luiz da
Silva Hortiz, sabedor de tudo, foi enviado a Portugal para relatar os
acontecimentos ao Rei. Mas foi misteriosamente assassinado em Pernambuco pelo
padre Matias Pinto, a mando de Caldeira Pimentel. Bueno perdeu a partida, e
todos os seus bens foram confiscados para cobrir diferença de arrecadação desde
1723. Assume a superintendência das Minas, Gregório Dias da Silva todas as
concessões de D. João V, inclusive o direito de ter sesmarias e governo
militar. Bueno da Silva veio a falecer em 19 de setembro de 1740.
Bueno da Silva ao penetrar em Goiás
descobriu a tribo dos Goyazes, à margem do Rio Vermelho. Trouxera consigo
Manoel de Campos Bueno e seu filho Antônio Pires de Campos Bueno. Este foi
assassinado em Mato Grosso pelos índios em 1668.
A nomeação de Gregório Dias da Silva,
que era ouvidor paulista, para visitar Goiás, deu-se em 1735. As ordens régias
de 11 de fevereiro de 1736 e de 12 de março do mesmo ano, erigiram o país dos
Goyazes em Comarca dependente da Capitania de São Paulo, e investiram Gregório
Dias da Silva nas atribuições dessa ouvidoria. O próprio Conde de Serzeda
empreendeu uma viagem a Goiás, acompanhado do tenente-general Antonio Luiz de
Sá Queiroga, tenente Antonio da Silva Mota e de seu secretário, em São Paulo,
Antonio da Silva Almeida. Serzeda morreu em Goiás.
Um alvará de 8 de novembro de 1744
desanexou a Comarca dos Goyazes constituindo-a em Capitania. Era então,
governador de São Paulo, Gomes Freire de Andrade, que substituiria D. Luiz.
Quando Bartolomeu Bueno da Silva, o
filho, empreendeu sua incursão em busca das minas e outro e da Serra dos
Martírios, já tinha certeza do que procurava, porquanto estivera na região dos
araés em companhia de seu pai, com a bandeira de Antonio Pires de Campos, o
velho que fora morto pelos índios mato-grossenses. O segundo Anhanguera partiu
de São Paulo em 1722, trazendo consigo João Leite da Silva Hortiz, mas não
conseguiu encontrar o sítio que vira quando da viagem com o pai. Foi na
expedição de 1725 que conseguiu o fim almejado, encontrando as minas de ouro,
das quais veio a ser superintendente.
Nessa viagem, que descreveu
minuciosamente, e dela se tem as melhores informações no arquivo do Instituto
Histórico e Geográfico do Brasil, Antonio Pires de Campos, o filho, fundou as
Aldeias de Sant’Ana, Piçarrão e Rio das Pedras. O sertanista tomou essa decisão
com o fim de alojar grande número de índios bororos e paresís, que trouxera de
Mato Grosso especialmente para oferecer combate aos caiapós, senhores da
região, e que dificultavam o trânsito dos bandeirantes na sua passagem pelo
Triângulo, assaltando as comitivas, assassinando e sequestrando impunemente.
Os índios traídos de Mato Grosso foram
organizados em grupos de combate e atacaram a Aldeia Caiapó com pleno êxito.
Destruíram-na e trataram os vencidos com extrema crueldade. A luta foi
encarniçada e terrível, levando os derrotados a recuarem para as regiões mais
afastadas do pontal do Triângulo e do Alto Araguaia. O governo compensou os
índios que traziam o policiamento da estrada anhanguerina concedendo-lhes uma
faixa de terras com mais de uma légua e meia para cada lado da estrada,
perfazendo, portanto, três léguas, desde o porto sobre o Rio Grande, até o Porto
Velho, no Paranaíba.
As aldeias de Sant’Ana do Rio das
Velhas, hoje Indianópolis e de São João do Rio das Pedras, hoje Cascalho Rico
progrediram, ainda que lentamente. A do Piçarrão não teve a mesma sorte, por
haver caído em desgraça, desde que ali assassinaram, barbaramente, o padre
diretor. Esse teria repreendido os índios numa reunião popular por estarem
promovendo roubos e depredações. Os outros índios, não compactuando com a
criminosa ação dos assassinos do padre, convenceram-se de que a localidade ficaria
amaldiçoada, abandonaram a povoação, que declinou até desaparecer por completo.
Essa localidade, onde ainda se pode ver os vestígios do que fora outrora,
passou-se a chamar Arraial Velho.
O sábio alemão Barão de Echwege visitou
as duas aldeias no princípio do século XIX. Também o naturalista francês
Auguste de Saint-Hilaire esteve em Sant’Ana e Rio das Pedras, no ano de 1819.
Em Sant’Ana foi encontrar índios bororos falando língua que não era a sua, e
tinha manifesta semelhança com o guarani. Isso confirma a presença ali dos
índios guaranis do padre Caturra. No Rio das Pedras Saint-Hilaire conversou com
o capitão da aldeia, registrando sua gratidão pela afabilidade com que foi
recebido pelos índios.
As duas aldeias que sobreviveram
tiveram importante papel no povoamento da região. Ambas se avizinhavam do sítio
em que mais tarde surgiria Araguari. Mas a Aldeia do Piçarrão talvez se
houvesse transformado na cidade de hoje, não fora a reprovável atitude dos
indígenas.
Entre o Rio Grande e o Paranaíba, na
margem esquerda do atual Rio Araguari, existia, em 1736, um arraial de nome
Tabuleiro. Esse foi arrasado pelos quilombos e reconstruídos pelos mineiros,
três léguas mais abaixo, com o nome de Arraial do Rio das Abelhas. Era o
Desemboque, assim denominado pelos que vinham das bandas de Minas. Por uma
provisão de março de 1766, o governador da Capitania de Goiás erigiu-se em
“Julgado de N. Sra. do Desterro das Cabeceiras do Rio das Abelhas”.
Esse julgado compreendia toda a região
do atual Triângulo Mineiro e todo o sul de Goiás, menos o julgado de Santa
Luzia. E foi já em 1811 com o desenvolvimento da Freguesia de São Domingos do
Araxá do Salitre (Patrocínio), que se promoveu o desmembramento do vasto
julgado para formar o de São Domingos do Araxá, compreendendo o território da
margem direita do Rio das Abelhas até o Paranaíba, reservando para Desemboque o
território entre o Rio Grande e o das Abelhas.
Desde 1765, quando D. João Manoel de
Melo governava a capitania de Goiás, esboçou-se um movimento para a criação do
julgado de Desemboque. O ato tornou-se oficial pela provisão de 2 de março de
1766, dando à nova unidade o nome de “Julgado de N. Sra. do Desterro de nossos
novos descobertos das cabeceiras do Rio das Abelhas do Desemboque”. Esse mesmo
decreto anexava o novo julgado à Comarca de Vila Boa de Goiás, que tinha o nome
de Comarca Novo Sul, compreendendo todo território triangulino.
A mando do governador de Minas, o
mestre de campo Inácio Correia Pamplona chegou a esta região em 1765, com 400
homens bem armados e desbaratou a nação dos araxás entre os Rios Quebranzol e
das Abelhas. Já a fundação de Desemboque pelos mineiros dava motivos a
constantes atritos entre as autoridades de uma e de outra capitania. Ao ser
criada a Capitania de Goiás, sendo dispensado do governo de São Paulo D. Luiz
Mascarenhas, ordenou-se a Gomes Freire de Andrade a anexação do seu governo a
todas as províncias do sul, inclusive Goiás. Mas D. Marco de Noronha sob o
reinado de D. João estabeleceu as líades divisórias deixando Goiás com o Estado
do Maranhão. É o que reza a provisão de 2 de agosto de 1748, assinada pouco
tempo depois da criação da capitania de Goiás, é o documento mais antigo sobre
a matéria. Houve um requerimento da Câmara de Tamanduá (depois Itapecerica da
Serra), considerando a região como pertencente a Minas, e um pedido da Vila de
Uberaba solicitando a criação de uma província, tendo Uberaba por capital (ou
Araxá ou ainda Pium-i). A Ordem Regia que estabeleceu as líades divisórias
dizia: “[...] Sou servido mandar-vos declarar por Resolução de 7 de maio do
presente ano em consulta do meu Conselho Ultramarinho que os confins desse
Governo de Goiás hão de ser de parte do sul pelo Rio Grande, e da parte de
leste por onde hoje partem os Governos de São Paulo e de Minas Gerais”.
Somente em 1816, no reinado de D. Maria
I, foi que o problema tomou aspectos mais positivos. Incorporação do Sertão da
Farinha Podre.
Fernando Delgado Freire de Castilho,
desejoso de aumentar a receita de sua Capitania, criou o imposto de $ 6,00 por cabeça
de gado bovino que fosse exportado. Os habitantes de Araxá discordaram dessa
exigência e passaram a pleitear a anexação de toda a região à Capitania de
Minas, onde não se cobrava tal imposto. Essa situação criou animosidade e abriu
ambiente para uma campanha de maior envergadura.
O Dr. Joaquim Inácio Silveira da Mota
era ouvidor de Goiás, veio visitar o julgado de Araxá em 1815. Esse ouvidor era
amigo de D. João VI e companheiro de orgias do príncipe D. Pedro. Em Araxá viu
passar, a cavalo, acompanhado de pajem, a jovem e bela Ana Jacinta de São José,
filha bastarda de D. Maria Bernardo dos Santos, natural de Formiga. O ouvidor
que estava nos seus 30 anos mandou raptar a pequena, levá-la para Paracatu do
Príncipe, para onde seguiria após a visita ao julgado de Araxá. O escândalo
provocou a ira de toda a população, e providências foram pedidas ao Capitão
General, ao governador da província, seguindo um portador para a capital goiana
a fim de reclamar contra a falta de compostura do ouvidor geral, a quem
competia a administração da justiça em toda a Capitania. O governador, que era
inimigo de Silveira da Mota, encaminhou a reclamação ao Regente D. João VI, mas
esse era amigo pessoal do juiz prevaricador. Enquanto perdurava a protelação do
Regente, Silveira da Mota e Ana Jacinta de São José, mais conhecida por Dona
Beija, viviam regaladamente em Paracatu. Certo do perigo em que estava de ser
processado e devidamente castigado pela falta que cometera, perseguido pelo
governador que lhe devotava grande antipatia pessoal, Silveira da Mota
serviu-se de seus amigos de Minas e de suas relações com o Regente para
solicitar o desmembramento dos julgados de Araxá e Desemboque incorporando-os a
Minas Gerais.
Atendendo aos reclamos dos criadores de
Araxá e ao influente pedido de Silveira da Mota, D. João VI expediu o alvará de
4 de abril de 1816, transferindo a vasta região triangulina da província de
Goiás para Minas Gerais. A vasta região com 94.500 quilômetros quadrados
chamava-se Sertão da Farinha Podre, e só veio a se chamar Triângulo Mineiro a
partir de 1894.
A região que fica entre o Rio das
Velhas (Rio Araguari) e o Rio Dourados, pertenceu ao Julgado de Araxá, que com
a freguesia de Desemboque passou, em 1819, à jurisdição de Paracatu, comarca
criada em 1815. De maneira que o município de Araguari pertenceu primeiro ao
julgado de Araxá e depois ao de Paracatu.
Em 1840, uma lei provincial de 23 de
março elevou a vila a povoado de Patrocínio. Em 1845, desmembrou-se de
Patrocínio o município de Bagagem, que abrangia as terras dos municípios de
Araguari e Indianópolis. E foi no município de Bagagem que, em 1864, a lei nº
1.195, de 6 de agosto, criou o distrito de Ventania, e em 19 de outubro de
1882, a lei provincial nº 2.996 elevou o Arraial de Ventania à vila do Brejo
Alegre, criando o município de Brejo Alegre, que constava da Aldeia de Sant’Ana
do Rio das Velhas; seus respectivos territórios foram desmembrados do município
de Bagagem, ao qual pertenciam. Brejo Alegre judicialmente continuou
pertencendo ao termo da Bagagem. O projeto de criação do município foi
patrocinado pelo Dr. Olegário Maciel.
Em 31 de março de 1884 deu-se a
instalação do município, dando posse à sua primeira Câmara o major Clementino
Borges, presidente da Câmara da Bagagem.
CAPÍTULO I
O NASCIMENTO DE ARAGUARI
Os primeiros habitantes de Araguari
datam do período em que esta região pertencia a Goiás. A primeira sesmaria foi
dada pelo Brigadeiro Fernando Delgado Freire de Castilho, em favor do tenente
Antonio Joaquim de Andrade, e foi demarcada pelo sesmeiro Antonio José da
Silveira, em terras devolutas do julgado de Araxá, nas margens do Paranaíba, e
teve o nome de Bocaina. Traz data de 15 de agosto de 1815. Após demarcações
várias nesta região, Antonio Resende Costa, conhecido por Major do Córrego
Fundo, doou uma légua de terras no valor de 360$000, para a formação do
patrimônio de uma capela sob a invocação do Senhor Bom Jesus da Cana Verde.
Essa área ficava compreendida entre as fazendas Verdes, Cachoeirinha, Varginha,
Desamparo, Fundão, Retiro e Francelina. A povoação já se formava na margem
direita do córrego do Brejo Alegre, ponto de pouso ou de passagem para os que
vinham de Sant’Ana de Rio das Velhas para as fazendas que iam se formando ao
longo do Rio Paranaíba. A doação data de 1834, e refere-se a 700 alqueires
geométricos.
Posteriormente ergueu-se a capela,
entrando a igreja na posse e domínio do novo povoado, pertencente a Freguesia
de Sant’Ana do Rio das Velhas.
Pelo documento legal da lei nº 1.195,
de 6 de agosto de 1864, a Freguesia de Sant’Ana do Rio das Velhas foi
transferida para a Capela do Senhor Bom Jesus da Cana Verde, e foi criado o
Distrito de Brejo Alegre, integrante do município de Bagagem.
O desenvolvimento do novo distrito foi
notável nos anos que se seguiram a transferência de autoridade eclesiástica.
Todas as fazendas destas imediações progrediram, a população aumentava, e a
localidade adquiria importância da vida política, social e econômica. O
intercâmbio entre Brejo Alegre e Sant’Ana do Rio das Velhas mudou apenas o sentido
hierárquico, numa inversão naturalmente compreendida. Bagagem
ficava à margem do intenso comércio regional com a faixa fronteiriça do fértil
vale do Paranaíba e de São Marcos. Daí o movimento que se levantou, então,
visando a obtenção de autonomia política e administrativa para a localidade.
CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO DO BREJO ALEGRE
Em 18 de agosto de 1882 foi apresentado
pelo deputado S. Ferraz à Assembléia Legislativa Provincial o projeto da
criação do município de Brejo Alegre sendo aprovado e tornado na lei seguinte:
Lei nº 2.996, de 19 de outubro de 1882.
O Doutor Teófilo Otoni, presidente da
província de Minas Gerais: Faço saber a todos os seus habitantes que a Assembléia
Legislativa Provincial decretou, e eu sancionei a Lei seguinte:
Art. 1º É criado o município de Brejo
Alegre, composto das freguesias de Brejo Alegre, elevada à categoria de Vila, e
de Sant’Ana do Rio das Velhas, desmembradas do município de Bagagem.
Art. 2º Este município pertencerá à
comarca do Rio Bagagem, e será instalado depois que seus habitantes tiverem
oferecido à Província os edifícios necessários à Cadeia, Casa da Câmara e
Escolas para ambos os sexos.
Art. 3º Haverá neste município todos os
ofícios de justiça criados em lei.
Art. 4º Revogam-se as disposições em
contrário.
Mando, portanto, a todas as autoridades
a quem o conhecimento e execução da referida lei pertencer, que a cumpram e
façam cumprir tão inteiramente como nela se contém. O Secretário desta
Província a faça imprimir, publicar e correr. Dada no Palácio da Presidência da
Província de Minas Gerais, aos dezenove dias do mês de outubro do ano do
nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e oitenta e dois,
sexagenário primeiro da independência do Império.
Teófilo Otoni
Selada e publicada nesta secretaria em
21 de dezembro de 1882.
Camilo A. Maria de Brito
PROJETO QUE ELEVOU BREJO ALEGRE À CATEGORIA DE CIDADE
Projeto nº 154 (página 208 dos Anais da
Assembléia Legislativa Provincial de Minas Gerais – Primeiro ano da Vigésima
Sétima Legislatura 1888).
A Assembléia Legislativa Provincial de
Minas Gerais decreta:
Artigo único: Fica elevada à categoria
de cidade a Vila do Brejo Alegre da Comarca de Bagagem; revogadas as
disposições em contrário.
Sala das sessões, 2 de julho de 1888.
Padre Lafaiete de Godoi, Souza Rabelo,
Nelson, Augusto Cesar Martins de Andrade, Augusto Caldeira, Chassim Drumont, C.
Prates.
Emenda ao projeto nº 154
Onde se diz – à categoria de cidade –
acrescente-se com o nome de cidade de Araguari e o mais como se acha redigido.
Sala das sessões, 5 de agosto de 1888.
Severiano de Resende, Navarro.
A CIDADE DE ARAGUARI
A lei nº 3.591, de 28 de agosto de 1888
eleva a vila do Brejo Alegre à categoria de cidade, passando ao nome de
Araguari.
O Barão de Camargos, vice-presidente da
Província de Minas Gerais:
Faço saber a todos os seus habitantes
que a Assembléia Provincial decretou e eu sancionei a lei seguinte:
Art. único: Fica elevada à categoria de
cidade a vila do Brejo Alegre, com o nome de Araguari; revogadas as disposições
em contrário.
Mando, portanto, a todas as autoridades
que a cumpram e façam cumprir tão inteiramente como nela se contém. O
secretário desta província a faça imprimir, publicar e correr.
Dada no Palácio do Presidente da
Província de Minas Gerais aos vinte e oito dias do mês de agosto do ano do
nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e oitenta e oito,
sexagenário sétimo da independência do Império.
Barão de Camargos
Selada e publicada nesta secretaria aos
26 de setembro de 1888. Servindo de Secretário: Pedro Queiroga Martins Pereira.
CAPÍTULO II
Na divisão administrativa de 1911,
apresentava-se o município de Araguari, composto de três distritos: Araguari,
criado por lei provincial nº 1.195, de 6 de agosto de 1864 e por lei estadual
nº 2, de 14 de fevereiro de 1891: Santa Rita de Barreiros e Sant’Ana do Rio das
Velhas.
Segundo os quadros de apuração do
recenciamento geral de 1º de outubro de 1920, o município se compõe dos
seguintes distritos: Araguari, Piracaiba e Sant’Ana do Rio das Velhas.
Por força da lei estadual nº 843, de 7
de setembro de 1923, o distrito de Araguari perdeu o território que constituiu
o novo distrito de Amanhece, no mesmo município.
De acordo com a citada lei nº 843,
ficou o município de Araguari constituído dos distritos de: Araguari, Amanhece,
Piracaiba (antigo Santa Rita dos Barreiros) e Sant’Ana do Rio das Velhas.
A divisão administrativa referente ao
ano de 1933 apresenta o município de Araguari composto dos seguintes distritos:
Araguari, Amanhece, Piracaiba e Sant’Ana do Rio das Velhas, isto é, a mesma
formação distrital estabelecida pela lei nº 843 já citada.
De acordo com as divisões territoriais
datadas de 31 de dezembro de 1936 e 31 de dezembro de 1937, bem como o quadro
anexo ao Decreto-Lei estadual nº 88, de 30 de março de 1938, permanece o
município de Araguari com os mesmos quatro distritos existentes em 1933.
Por força do Decreto-Lei estadual nº
148, de 17 de dezembro de 1938, o município perde o distrito de Indianópolis
(ex-Sant’Ana do Rio das Velhas) para o novo município de Indianópolis, assim no quadro fixado pelo referido Decreto-Lei nº
148, para vigorar no quinquenio 1939/1943, o município se compõe dos distritos
de: Araguari, Amanhece e Piracaiba. O quadro fixado pelo Decreto-Lei nº 1.058,
de 31 de dezembro de 1943, para vigorar no quinquenio de 1944/1948, mantém os
três distritos da divisão anterior, ou seja: Araguari, Amanhece e Piracaiba.
A divisão administrativa do Estado, a
vigorar no quinquenio 1949/1953, criou o distrito de Florestina, com o
desmembramento de parte do território do distrito da cidade de Araguari. Assim
passa o município a compor-se, a partir de 1949 de quatro distritos, a saber:
Araguari, Amanhece, Piracaiba e Florestina.
Na divisão administrativa em vigor
permanece o município com os mesmos quatro distritos existentes até 1953.
De acordo com as divisões territoriais
datadas de 31 de dezembro de 1936 e 31 de dezembro de 1937, bem como o quadro
anexo ao Decreto-Lei estadual nº 88, de 30 de março de 1938, o município de
Araguari compreende o único termo judiciário da comarca de mesmo nome.
Ainda em conformidade com os quadros
fixados pelos Decretos-Leis estaduais nos 148, de 17 de dezembro de 1938 e
1.058, de 31 de dezembro de 1943 para vigorarem respectivamente nos quinquenios
de 1939/1943 e 1944/1948, o município de Araguari constitui o único termo da
Comarca de igual nome, termo esse formado pelos municípios de Araguari e
Indianópolis.
E ainda no quadro que vigorou no
quinquenio de 1949/1953 e no quadro em vigor, o município de Araguari constitui
o único termo da Comarca de igual nome, termo esse formado pelos municípios de
Araguari e Indianópolis.
CAPÍTULO III
PRIMEIRA CÂMARA MUNICIPAL DO BREJO ALEGRE
Criada em 1882, no dia 19 de outubro, a
vila do Senhor do Bom Jesus da Cana Verde só entrou na posse dos seus direitos
de maior idade político-administrativa com a instalação da Câmara no dia 31 de
março de 1884. Esta Câmara funcionou até dezembro de 1886.
Foi a vila do Brejo Alegre criada e
instalada sob a vigência da Lei Imperial de 1º de outubro de 1828 e sua
instalação subordinou-se às exigências da portaria provincial de 9 de outubro
de 1883 e do decreto imperial de 13 de agosto de 1881.
Compôs-se a Câmara da Vila de sete
vereadores e de um secretário como determina o artigo 1º da Lei Imperial de
outubro de 1828, chamado Regimento das Câmaras Municipais do Império, que foi a
lei orgânica dos municípios até 1891.
Cópia da ata da instalação solene da 1ª
Câmara Municipal de Araguari (conservando-se a ortografia e redação do
original):
“Acta da instalação da Câmara Municipal
do novo município do Brejo Alegre – Aos trinta e um dias do mês de março do ano
do nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo, no Paço da Câmara Municipal, sendo
às onze horas da manhã, comparecendo acompanhado de grande número de cidadãos o
cidadão Clementino Martins Borges, Presidente da Câmara Municipal da cidade de
Bagagem, comigo Candido Maximiano Rodrigues, secretário da mesma, para efeito
de dar posse e deferir juramento aos vereadores eleitos da Câmara Municipal
desta nova vila, cujo território foi desmembrado daquele de Bagagem sendo suas
divisas as mesmas que, demarcadas para esta Parochia e a de Sant’Ana do Rio das
Velhas, vão entestar com a Parochia de N. Sra. Mãe dos Homens da Bagagem e a de
N. Sra. da Abadia de Água Suja. Tomando o dito Presidente assento no topo da
mesa a ocupando o secretário o lugar respectivo, declarou o Presidente que,
tendo sido esta Parochia elevada à categoria de Villa por lei provincial nº
2.996, de 19 de outubro de 1882, compreendendo a Parochia de Sant’Ana do Rio
das Velhas, e que tendo se procedido a eleição dos vereadores que tem de compor
a Câmara desta nova Villa, de conformidade com a portaria do Exmo. Presidente
datada de 9 de outubro de 1883, e depois de decorrido o prazo prescrito no art.
216 § 1º do Decreto nº 8.213, de 13 de agosto de 1881, foi pela Câmara
Municipal de Bagagem, designado o dia de hoje para ser dada a referida posse,
sendo este o motivo de sua presença neste lugar; e achando-se sobre a mesa a
acta e mais papéis donde consta quais os vereadores eleitos para esta nova
Câmara, passou o Presidente a convidá-los a prestarem juramento e tomarem posse
de seus cargos. Em seguida, sendo introduzidos no recinto com as formalidades
de estilo, os vereadores novamente eleitos, os quais se achavam na sala
imediata, quais os cidadãos Ernesto de Paula Vieira, José Neis da Cunha, João
Rodrigues Peixoto Sobrinho, José Peixoto Carrijo, os quais apresentarão seus
diplomas, pelo que o Presidente deferiu-lhes o juramento em um livro dos Santos
Evangelhos no qual colocarão sua mão direita e jurarão cada um por sua vez de
bem e fielmente desempenhar as obrigações do referido cargo. O Presidente depois
de ter feito uma pequena allocução saudando a nova Câmara, declarou instalado o
município. Do que para constar mandou-se lavrar esta acta em a qual se assigna
com os vereadores novam, e juramentados e eu, Candido Maximiano Rodrigues,
Secretário da Câmara Municipal da cidade de Bagagem a escrevi”.
aa) Clementino Martins Borges, José
Roiz da Cunha, Justino Monteiro de Araujo, João Roiz Peixoto, Joaquim Caetano
Alves, Elias Roiz Peixoto Carrijo, Ernesto de Paula Vieira.
Ata da sessão da Câmara municipal da
Vila do Brejo Alegre para eleição de presidente e vice-presidente.
“Aos trinta e um dias do mês de março
do ano do nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e oitenta e
quatro, nesta vila do Brejo Alegre, Comarca de Monte Alegre, atualmente Comarca
de Bagagem, no Paço da Câmara Municipal, às doze horas do dia, presentes os
Srs. José Roiz da Cunha, como presidente e os demais vereadores quais cidadãos
Ernesto de Paula Vieira, Joaquim Caetano Alves, João Roiz Peixoto Sobrinho,
José Peixoto Carrijo, Justino Monteiro de Araujo e Elias Roiz Peixoto Carrijo.
Achando-se toda a câmara reunida abre-se a sessão O Sr. Presidente interino
declarou que se achava ocupando aquela cadeira por ser convite do presidente da
Câmara Municipal de Bagagem, no ato de conferir a posse a esta câmara. Em
seguida declarou o mesmo Sr. Presidente que sendo esta a primeira sessão desta
câmara era mister que se procedesse a eleição de presidente e vice-presidente e
convidou os senhores vereadores para conjuntamente com ele apresentarem suas
cédulas para a eleição do Presidente, o que foi feito e deu o seguinte resultado:
José Rodrigues da Cunha 6 votos – Justino Monteiro de Araujo 1 voto, ficando
desta forma eleito presidente o mesmo Sr. José Rodrigues da Cunha que ficou
ocupando a mesma cadeira. Passando-se a eleição do vice-presidente e tendo os
senhores vereadores apresentado suas cédulas e apuradas estas deu o seguinte
resultado: Elias Roiz Peixoto Sobrinho 2 votos – Justino Monteiro de Araujo 2
votos. Não tendo havido maioria absoluta de votos, decidiu-se pela sorte, sendo
submetidos a segundo escrutínio os nomes dos vereadores João Roiz Peixoto
Sobrinho, que obteve 3 votos, Elias Roiz Peixoto Sobrinho, um voto tendo sido
dado um voto a Justino Monteiro de
Araujo, e tendo aparecido duas cédulas em branco, pelo que o Sr. Presidente
declarou eleito vice-presidente o vereador João Roiz Peixoto Sobrinho,
achando-se assim concluídos os trabalhos da eleição do presidente e
vice-presidente o Sr. Vereador Alves indicou o cidadão Querubino Torbino dos
Santos para o cargo de secretário desta câmara e o vereador Paulo Vieira indicou
o cidadão Isac Duque de Medeiros Rosa para o cargo de Procurador desta câmara,
o que foi unanimemente aprovado. Indicações convidando-se os propostos para
prestarem juramento e tomar posse dos referidos cargos. E por se achar a hora
adiantada o Sr. presidente levantou a sessão marcando o dia 14 de abril para se
prosseguir nas sessões ordinárias. Do que para constar lavrei esta ata que vai
assinada por todos os membros presentes e por mim Ernesto de Paula Vieira,
vereador da câmara, servindo de secretário que a escrevi”.
aa) João Roiz da Cunha, João Roiz
Peixoto Sobrinho, Justino Monteiro de Araujo, Elias Roiz Peixoto Carrijo,
Joaquim Caetano Alves, José Peito Carrijo, Ernesto de Paula Vieira.
CAPÍTULO IV
CRIAÇÃO DA COMARCA DE ARAGUARI
Decreto nº 255, de 28
de novembro de 1890.
Cria as Comarcas de
Inhaúma, de Abre Campo, de Ferros e de Araguari.
O Doutor Governador do
Estado de Minas Gerais, tendo em vista a proposta da repartição de
estatísticas, adaptada de ontem e usando da atribuição conferida no Decreto nº
7, de 20 de novembro de 1889, DECRETA:
Art. 1º Ficam criadas
as seguintes comarcas:
§ 4º de Araguari,
composta do termo deste nome e do de São Pedro de Uberabinha desmembrado este
da de Uberaba, e aquele da de Monte Alegre.
Art. 2º Revogam-se as disposições em
contrário.
Palácio do Governo em Ouro Preto, 28 de
novembro de 1890.
Crispim Jaques Bias Fortes.
A Comarca de Araguari foi criada pela
lei acima exposta, e a 27 de dezembro do mesmo ano foi considerada de 1ª
entrância, sendo nomeado, seu primeiro Juiz de Direito o Dr. Antônio da
Trindade Antunes Meira.
Em 1903 por motivos de questões
políticas e religiosas, entre o padre Aurélio e o Juiz de Direito Dr. Nelson
Tobias de Melo foi suprimida a comarca de Araguari para a jurisdição de São
Pedro de Uberabinha, hoje Uberlândia. O Dr. Nelson Tobias de Melo foi removido
por ato presidencial de 28 de março de 1904, e deixou o exercício de seu cargo
em 3 de abril de 1904.
Em 1917, 14 anos depois, no governo
estadual do Dr. Delfim Moreira foi restabelecida a comarca de Araguari, sendo
nomeado o Dr. Julio Ribeiro Gorgulho que reinstalou a comarca.
Em 1925, pela Lei nº 912 sob a
jurisdição do Juiz Dr. Benício de Paiva, foi a comarca elevada à 2ª entrância.
Pelo Decreto-Lei estadual nº 667, de 4 de março de 1940, a comarca de Araguari
é elevada à 3ª entrância, sob a jurisdição do Juiz de Direito Dr. Merolino
Raimundo de Lima Corrêa, que aqui permaneceu como chefe do judiciário de março
de 1938 a março de 1944.
A comarca continua na 3ª entrância,
desdobrada em duas varas cíveis, sendo a 1ª sob jurisdição do Dr. Walter de
Luna Carneiro e a 2ª pelo Dr. Rui Borges de Carvalho, que desempenham seus
cargos com eficiência e brilhantismo, abrilhantando a comarca com as luzes de
sua cultura jurídica.
Ao lado dos juízes esteve na promotoria
durante 25 anos em Araguari o Dr. João Nascimento Godoi, prestando relevantes
serviços à nossa comunidade. Atualmente ocupa o cargo de Promotor de Justiça o
Dr. Américo Caixeta Santana.
Canta Araguari com os seguintes
serventuários auxiliares da Justiça: no cartório do 1º ofício o Sr. Joaquim
Magalhães Filho; no 2º ofício Dr. Renan Bitencourt; no 3º oficio Sr. Dickson
Machado; escrivão do crime, Geraldo Costa; do Registro civil, Sra. Beladina
Pereira de Melo; no cartório distribuidor particular, Sra. Terezinha Maldonado.
CAPÍTULO V
ARAGUARI E SEUS ADMINISTRADORES
No período Imperial:
Cel. José Rodrigues da Cunha
José Rodrigues Alves
Manoel Vieira de Resende
Padre João Carneiro de Castro
Prefeitos:
Major Aurélio Antonio de Oliveira – 2/09/1896 a 23/06/1900
Olimpio Ferreira dos Santos – 24/06/1900 a 25/01/1902
Nicolau Elias – 26/01/1903 a 2/10/1903
Olimpio Ferreira dos Santos – 3/10/1903 a 9/01/1912
Olintho Veloso – 10/01/1912 a 30/07/1912
Olimpio Ferreira dos Santos – 28/01/1912 a 30/07/1912
José Ferreira Alves – 1º/08/1912 a 1º/09/1912
Olimpio Ferreira dos Santos – 2/09/1912 a 18/01/1916
Adalardo Alberto Pereira da Cunha – 19/01/1916 a 12/05/1917
Marciano Santos – 13/05/1917 a 27/07/1917
Adalardo Alberto Pereira da Cunha – 4/08/1917 a 3/11/1922
Marciano Santos – 12/01/1923 a 20/03/1924
Filadelfo de Lima – 19/07/1924 a 5/08/1924
Marciano Santos – 20/08/1924 a 5/06/1927
Belchior de Godoy – 6/07/1927 a 21/09/1927
Marciano Santos – 22/09/1927 a 3/10/1929
Belchior de Godoy – 4/10/1929 a 25/11/1930
Mario da Silva Pereira – 10/12/1930 a 18/04/1932
Carlos Antonio de Andrade – 19/04/1932 a 11/05/1932
Mario da Silva Pereira – 12/05/1932 a 2/09/1933
Delermano Cardoso – 12/05/1933 a 22/09/1933
José Ferreira Alves – 25/10/1933 a 25/11/1933
Delermano Cardoso – 14/12/1933 a 21/09/1934
José Jehovah Santos – 1º/10/1934 a 1º/02/1935
Hortencio Machado – 2/02/1935 a 18/03/1935
José Jehovah Santos – 19/03/1935 a 23/03/1936
Hortencio Machado – 24/03/1936 a 1º/08/1936
José Jehovah Santos – 2/08/1936 a 15/06/1945
Jaime Veloso Meinberg – 30/06/1945 a 19/11/1945
Edmundo Augusto Linz – 27/11/1945 a 9/02/1946
Jaime Veloso Meinberg – 16/02/1946 a 26/06/1946
Elmiro Barbosa – 27/06/1946 a 31/12/1946
José Antonio Saraiva – 16/01/1947 a 9/04/1947
Elmiro Barbosa – 16/04/1947 a 20/12/1947
Oswaldo Pieruccetti – 29/12/1947 a 27/02/1949
Elpidio Viana Canabrava – 28/02/1949 a 8/03/1949
Oswaldo Pieruccetti – 9/03/1949 a 30/10/1950
Theodolino Pereira de Araujo – 1º/11/1950 a 31/01/1951
Dr. Adalcindo de Amorim – 1º/02/1951 a 31/01/1959
Eduardo Rodrigues da Cunha Neto – 1º/02/1955 a 31/01/1959
José Jehovah Santos – 31/01/1959 a 31/01/1963
Miguel Domingos de Oliveira – 31/01/1963 a 31/01/1967
Fausto Fernandes de Melo – 31/01/1967 a ...
PRINCIPAIS LEIS
Aurélio de Oliveira:
Lei nº 24, de 26 de agosto de 1896. Autoriza o Presidente da Câmara e
Agente Executivo Municipal a contrair um empréstimo de 4.000$000 para recorrer
as despesas com a inauguração da Mogiana nesta cidade.
Lei nº 28, de 22 de maio de 1897. Manda construir um matadouro público
provisório, dispendendo a quantia de 2.000$000 com a construção.
Lei nº 54, de 17 de janeiro de 1898. Abre um empréstimo de 50.000$000
para a construção de ruas, casas para escolas municipais, matadouro, mercado,
cemitério e pontes.
Nicolau Elias:
Lei nº 101, de 26 de janeiro de 1903. Estabelece o regulamento do
mercado municipal.
Olympio Ferreira dos Santos:
Lei nº 133, de 8 de agosto de 1908. Concede privilégio por 25 anos aos
proponentes Augusto de Lima e Francisco Sócrates de Sá para instalação de força
e luz elétrica e abastecimento desta cidade.
Lei nº 145, de 15 de abril de 1910. Concede o privilégio por 25 anos aos
Srs. Cônego Amorim e Lázaro para explorarem o serviço telefônico no município.
Adalardo Alberto Pereira da Cunha:
Lei nº 225, de 19 de julho de 1920. Que põe em concorrência o serviço de
abastecimento de água potável à população desta cidade.
Lei nº 232, de 24 de maio de 1921. Autoriza a convidar o Engenheiro do
Estado e uma comissão da Câmara para a escolha do local onde fará a construção
do grupo.
Lei nº 234, de 21 de setembro de 1921. Autoriza a criação de um mercado
nesta cidade.
Lei nº 237, de 23 de janeiro de 1922. Autoriza a contratar com o Governo
do Estado um empréstimo até a importância máxima de 600.000$000 para o fim de fazer
o abastecimento de água e início da rede de esgoto da cidade.
Marciano Santos:
Lei nº 337, de 16 de novembro de 1924. Estabelece as condições para a
concessão do privilégio de exploração do serviço de telefones no município de
Araguari.
Lei nº 266, de 25 de julho de 1923. Autoriza a construção de um jardim
na Praça Francisco Salles (Manoel Bonito).
Lei nº 372, de 23 de janeiro de 1926. Autoriza a adquirir o quarteirão
compreendido entre a Praça Francisco Salles, o Beco São Bento e as Ruas
Liberdade e Rio Branco, nesta cidade, para construir um prédio destinado à sede
da municipalidade e outro, edificado pelo governo do Estado, em que deva
funcionar o Fórum.
Filadelfo de Lima:
Lei nº 303, de 28 de julho de 1924. Fica criada a Guarda Civil,
destinada a velar preventiva e repressivamente pela manutenção da ordem pública
do município.
Belchior de Godoy:
Lei nº 413, de 2 de agosto de 1927. Autoriza o Sr. Agente Executivo a
adquirir no município de Araguari, doando-o ao Governo do Estado um terreno de
dez a quinze alqueires, para ser construído o Leprosário Regional Triângulo
Mineiro.
Mario da Silva Pereira:
Decreto nº 600, de 29 de agosto de 1932. Autoriza a abertura de uma
avenida marginal ao leito do córrego que atravessa esta cidade e contém outras
disposições.
José Jehovah Santos:
Lei nº 10, de 1º de fevereiro de 1937. Autoriza o Sr. Prefeito municipal
a mandar executar o calçamento da Ruas Rui Barbosa e Marciano Santos e Avenida
Tiradentes.
Lei nº 18, de 17 de fevereiro de 137. Cria 14 escolas rurais mistas.
Lei nº 51, de 12 de janeiro de 1942. Autoriza a construção de um
reservatório de água na sede do município.
Oswaldo Pieruccetti:
Lei nº 32, de 4 de maio de 1948. Cria a feira livre.
Lei nº 42, de 30 de julho de 1948. Abre crédito especial para execução
de obras de abastecimento de agua na cidade.
Lei nº 143, de 3 de maio de 1950. Institui a Biblioteca Pública
Municipal.
Lei nº 150, de 10 de julho de 1950. Cria a seção de estradas de rodagem
da Prefeitura Municipal.
Adalcindo de Amorim:
Lei nº 257, de 31 de dezembro de 1953. Dispõe sobre a anexação da
Biblioteca Pública Municipal à Biblioteca Pio XII e estabelece outras medidas.
Lei nº 263, de 26 de março de 1954. Autoriza a exploração mediante
concorrência pública, dos serviços de transportes coletivos na cidade e outorga
favores.
Eduardo Rodrigues da Cunha Neto:
Lei nº 334, de 14 de junho de 1955. Dispõe sobre pavimentação,
meios-fios, sarjetas, passeios, arborização e taxa de conservação.
Lei nº 342, de 26 de agosto de 1955. Autoriza a construção do prédio
para a escola-padrão rural no distrito de Piracaiba.
Lei nº 397, de 14 de junho de 1956. Dispõe sobre a construção e
exploração mediante concorrência pública de uma estação rodoviária.
Lei nº 424, de 22 de outubro de 1956. Autoriza a doação do terreno ao
Estado de Minas Gerais, para a construção da escola-padrão rural no distrito de
Florestina.
José Jehovah Santos:
Lei nº 632, de 26 de janeiro de 1959. Autoriza a municipalidade a fazer
doação de terreno ao concessionário da estação rodoviária.
Lei nº 642, de 23 de junho de 1959. Concede título de cidadã benemérita
à D. Eunice Weaver.
Lei nº 659, de 30 de setembro de 1959. Dispõe sobre doação de terreno
para construção do edifício do Fórum.
Miguel Domingos de Oliveira:
Lei nº 900. Autoriza perfuração de poço artesiano e abre crédito
especial.
Lei nº 933, de 6 de dezembro de 1963. Institui o código tributário de
Araguari do Estado de Minas Gerais e dá outras providências.
Lei nº 1.055, de 26 de novembro de 1964. Dispõe sobre a construção de
galerias pluviais.
Fausto Fernandes de Melo:
Lei nº 1.244, de 22 de junho de 1967. Cria a Biblioteca Pública
Municipal e o cargo de Bibliotecário.
Lei nº 1.252, de 22 de agosto de 1967. Institui o dia da cidade e dá
outras providências.
Lei nº 1.309, de 4 de dezembro de 1967. Dispõe sobre a construção e
ampliação do cemitério.
Lei nº 1.325, de 23 de abril de 1968. Autoriza a exploração de
transportes coletivos urbanos mediante concorrência pública e dá outras
providências.
CAPÍTULO VI
GEOGRAFIA E DEMOGRAFIA
Localização do Município: O município
de Araguari está situado na zona do Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro, Estado
de Minas Gerais.
Extensão: Sua área é de 2.788
quilômetros quadrados. 0,47% sobre a área do Estado.
Coordenadas geográficas da cidade:
Segundo dados do D.E.E de Minas, são as seguintes: 18º 38’ 30’’ de altitude
sul; 48º 11’ 18’’ de longitude oeste; Posição da cidade relativamente à capital
do Estado: rumo – O.N.U; distância em linha reta, 472 quilômetros. Altitude 930
metros.
Regiões naturais: Limita-se ao norte
com os municípios goianos de Corumbaíba, Anhanguera e Estrela do Sul; ao sul
com os municípios mineiros de Indianópolis e Uberlândia; a oeste com os
municípios mineiros de Tupaciguara e Uberlândia.
Clima: Temperatura mínima 8 ºC, máxima
33 ºC; média das mínimas 18 ºC; média das máximas 28 ºC. Predominância dos
ventos, com base em levantamentos de 1961, 45,0 – 70,0 – 90,0 – variação 20,0.
Hidrografia: Araguari é banhada pelos
seguintes rios: Paranaíba, que nasce na Serra da Mata da Corda e percorre 156
quilômetros como divisa do município de Araguari, onde nascem os seguintes
afluentes: Piracanjuba, Araras, Mata Bois, Jordão, Pirapitinga e Ribeirão de
Piracaiba, todos no distrito de Piracaiba; e mais o Limoeiro, que nasce no
distrito de Florestina. Rio Araguari nasce na Serra da Canastra, percorre 210
quilômetros como divisa do município. É afluente do Rio Paranaíba e dirige-se
para o sudoeste. São seus afluentes: Quebra Anzol e Mandaguari de maiores
dimensões outros menores: Santo Antônio, Fundão, Cachoeirinha, Tabocas e Ponte
Alta, nascidos no distrito da Sede.
Orografia: Serra da Bocaina, com 1.060
metros, no distrito de Amanhece; Serra da Saudade, com 1.020 metros, no
distrito de Amanhece; Serra do Pau Furado, com 1.000 metros, no distrito da Sede;
Serra da Piracaiba, com 1.050 metros no distrito de Piracaiba.
Gruta – da Loca, no Ribeirão do
Piçarrão, distrito da Sede, com superfície calculada em mais de 100 metros
quadrados.
Picos – Leão, no distrito de Piracaiba,
com 1.050 metros; Araras, no distrito da Sede, com 1.000 metros; Morro da Mesa,
no distrito de Amanhece, com 1.050 metros.
População: Estimativa atual: 90.000
habitantes, sendo: 55.000 na cidade e 35.000 na zona rural.
CAPÍTULO VII
DISTRITO E POVOADOS
Araguari – Distrito-sede, conta com
aproximadamente 12.500 prédios residenciais, comerciais e industriais, na zona
urbana e suburbana; possui uma Faculdade de Filosofia, Colégio Estadual e mais
de 6 estabelecimentos de ensino médio com cursos normal, clássico, científico,
contabilidade, comercial básico e ginasial, escola técnica de orientação
familiar, escola profissional federal; possui 12 grupos escolares estaduais, 3
escolas municipais e 6 externatos particulares. É cidade moderna, bem traçada,
aberta ao progresso, nela encontrando-se todos os setores, como saúde,
educação, esportes, meios de comunicação e transportes.
Amanhece – Dista da cidade 15
quilômetros. Possui 160 prédios, grupo escolar estadual; possui 1 templo
católico; moram na sede cerca de 700 pessoas e na zona rural do distrito uns
3.600 habitantes. Possui jazidas de cal, na Bocaina explorada através de 6
pequenas indústrias, conta com 1 olaria, 2 máquinas de beneficiar arroz, 1
indústria de laticínios e mais de 8 estabelecimentos comerciais.
Florestina – Dista da cidade 38
quilômetros; possui 78 prédios, 1 escola agrupada, de orientação estadual, 1
capela; a sede conta com 185 habitantes, na zona rural do distrito cerca de
2.000; possui 1 estabelecimento comercial.
Piracaiba – Dista da cidade 38
quilômetros; possui 80 prédios, 1 escola agrupada estadual, capela católica e
presbiteriana; na sede há uns 360 habitantes e na zona rural 3.780; dispõe de 3
estabelecimentos comerciais.
Ararapira – Povoado que pertence ao
distrito de Amanhece, dista da cidade 28 quilômetros; conta com 250 moradores,
48 prédios, 3 estabelecimentos comerciais, 1 templo católico, 2
estabelecimentos comerciais, 160 habitantes.
Barracão – Pertence ao distrito de
Piracaiba, dista da cidade 78 quilômetros; possui 13 moradias, 85 habitantes, 1
escola municipal, 1 estabelecimento comercial.
Alto de São João – Pertence ao distrito
da sede de onde dista 15 quilômetros; conta com 26 prédios, 160 habitantes, 1
escola primária estadual, um templo católico, 2 estabelecimentos comerciais.
Campos Redondos – Pertence ao distrito
de Florestina, dista de Araguari 46 quilômetros; possui 25 residências, 155
habitantes, 1 templo católico, 1 estabelecimento comercial, 1 escola municipal.
Estiva – Pertence ao distrito-sede, da
qual dista 30 quilômetros; possui 24 moradias, conta com 155 habitantes, 1
estabelecimento comercial.
Stevenson – Pertence ao distrito-sede,
da qual dista 10 quilômetros; possui 13 prédios, conta com 80 habitantes, 1
templo católico, 1 escola municipal.
Preá – Pertence ao distrito-sede da
qual dista 15 quilômetros; possui 15 moradias, 75 habitantes e 1
estabelecimento comercial.
Santo Antonio – Pertence ao
distrito-sede da qual dista 30 quilômetros; possui 33 moradias, 180 habitantes,
1 templo católico, 1 estabelecimento comercial e 2 escolas municipais.
Ponte Quinca Mariano – Pertence ao
distrito de Piracaiba e dista de Araguari 72 quilômetros; possui 10 prédios, 58
habitantes e 1 estabelecimento comercial.
LETRAS E ARTES
Figuram entre os notáveis de Araguari:
Jornalistas: Tertuliano Goulart,
Antônio Nunes de Carvalho, Josias Batista Leite, João Lourenço Filho, Polonio
Tabosa, Pe. Lafaiete de Godoi, Odorico Costa, Elfrida Goulart, Pascoal Luiz
Pitta, Lutero Vieira, Mozart de Lima, Fernando P. Lima, Felicio de Lucia Neto,
Dr. Hélio Vaz, João Nascimento Godoi, Luiz Confúcio da Cunha Bastos, Patrocinio
Valverde de Morais, Odilon Paes de Almeida, Antonio Marques, Helon Gomide,
Ascedino Celestino da Silva, Gelmires Reis, Pe. Nilo Tabuquine e outros.
Escritores: Geraldo França, Dr. João
Alami Filho, Fernando P. Lima.
Poetas: Estácio de Oliveira, Eurico
Veloso de Carvalho, Hermenegildo Marques, Abdala Mameri, Dinorah Pacca, Jeová
Bitencourt e outros.
Músicos: Maestro Vitor, Odete Alami,
Maria R. Aciolli, Ana Maria, Aparecida de Castro, Ronaldo Vilela, Lucy Vilela,
Claudio Vidal, Sueli Coelho, Luiz Bastos, Ronaldo Nocera, Ermenegildo Marques,
Junia H. Vieira de Lima e outros.
Compositores: Joanico Lourenço, Josias
Batista Leite, José Perfeito, Franklin de Almeida, Filhinho.
Teatro: Dr. Barros Pimentel, Josias
Batista Leite, Wady Daher, Paulo Goulart e outros.
Pintores: Farnese Andrade, Arminda de
Oliveira Santos, Aurea de Oliveira Santos, Newton Carisio, Ubirajara Coutinho,
Joanico e outros.
DESTAQUE
ESTÁCIO DE OLIVEIRA
Nascido em 19 de agosto de 1924, cursou
até o 3º ano primário. Aleijado, foi incapaz de exercer qualquer serviço
braçal, mesmo assim, era ajudante de jardineiro e nos outros misteres labutou
na conserva do logradouro araguarino.
Estácio de Oliveira faleceu em 23 de
maio de 1950. Desde a infância manifestou grande desejo de publicar um livro
que teria por título “Meus Versos”. Este poeta araguarino teve único pensamento
que se condensava à medida que ele se aproximava da morte, pedindo aos pais:
“Chamem algum entendido na matéria, mandem examinar o meu livro de versos e o
publiquem se ele o merecer”. Somente agora depois de 20 anos de sua morte é que
se preparar através da Academia de Letras de Araguari sua publicação.
EDUCAÇÃO
As escolas de Araguari começaram a
surgir logo nos primeiros dias de sua fundação. A primeira de que se tem
notícia foi fundada pelo Prof. Oliveira, a Praça do Rosário.
O primeiro colégio organizado em
Araguari foi o Colégio Renascença. Seu fundador, diretor e proprietário foi o
Prof. Rev. Miguel Rizzo Júnior. Lecionavam neste colégio, entre outros, suas
irmãs professoras D. Algemira e D. Paula Rizzo.
Os professores, Dr. Jovito e Francisco
Fruginelle fundaram o Ginásio Araguarino, com internato e externato. Esse
educandário funcionou no prédio do antigo Cine Eden, à Rua Dr. Afrânio,
transferindo-se para a Rua Boa Vista (hoje Av. Joaquim Anibal). Tivemos ainda o
Colégio N. Sra. Aparecida, do Prof. Virgilio Alves e Filhas. Em 1893 foi
fundada a Escola Evangélica sob a direção de Mrs. Cowan. Pelo Decreto nº 2.297,
de 17 de novembro de 1908, foi criado o Grupo Escolar da Cidade de Araguari e
pelo Decreto de 1927 no governo de Antonio Carlos, o primeiro Grupo tomou o
nome de Raul Soares e foi criado o Grupo Escolar Visconde de Ouro Preto.
O Prof. Alfeu Medeiros fundou e dirigiu
uma escola de comércio em Araguari. Apenas uma turma de contadores dela saiu.
Em 1919 funda-se em Araguari o Colégio
Sagrado Coração de Jesus.
Em 1926 o Prof. Moacir Fantine funda a
Escola Técnica de Comércio Machado de Assis, e em 1949 cria anexo o Ginásio D.
Vital.
Atualmente Araguari conta com 22
escolas primárias na cidade; 49 na zona rural e 6 escolas primárias
particulares; 5 estabelecimentos de ensino secundário com os cursos: Comercial
básico, Ginasial, Clássico, Científico, Normal, Técnico Comercial; 1 Escola
Profissional Federal, 1 Escola Técnica de Educação Familiar; e Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras com os cursos de Letras, Geografia, História e
Pedagogia.
RELIGIÃO
Catolicismo: A paróquia o Senhor Bom
Jesus da Cana Verde, criada nos idos de 1840, com sede na então Sant’Ana do Rio
das Velhas, atual Indianópolis, teve pelo Bispo de Sant’Ana de Goiás, a cuja
diocese pertencia toda esta área triangulina, no ano de 1864, a sede
transladada para a Vila do Brejo Alegre.
Passaram-se os anos em torno da matriz,
foram se desenvolvendo os arruamentos do que se tornou um quarto de século
após, a cidade de Araguari, cuja paróquia passou a ser denominada de Senhor Bom
Jesus da Cana Verde de Araguari.
Araguari, como a maioria das cidades
brasileiras, nasceu sob a égide da Igreja Católica. É impossível escrever a
história de nosso município sem se referir à ação que a Igreja desempenhou
através dos tempos.
Dirigiram os destinos espirituais
Vigários
1 Pe. Saturnino Dantas Barbosa, natural
de Paracatu.
2 Pe. Carneiro de Castro, de São João
d’El Rei, de 12/01/1870 a 19/12/1877.
3 Pe. José da Silva Camargo, não tomou
posse.
4 Pe. João Carneiro de Castro, de
29/12/1878 a 20/06/1881, tornado ainda em 17/07/1882, sendo vigário ao mesmo
tempo de Monte Alegre.
5 Cônego Francisco Inacio de Sousa,
poucos meses.
6 Pe. Zeferino de Abreu Rangel, de 1896
a 1897.
7 Cônego Aurelio Elias de Souza,
natural de Uberaba, de 1897 a 1905.
8 Pe. Augusto Teodoro da Rocha Mais, de
1905 a 1906.
9 Pe. Joaquim Augusto de Sousa Amorim,
de 10/07/1906 a 1912.
10 Pe. Manoel Fleury Curado, de 1912 a
1919.
11 Pe. Laureano Peixoto, de 1919 a
1920.
12 Cônego Pedro Pezzuti, de 1º/01/1921
a 28/12/1925.
13 Cônego Ramiro de Campos Meireles, de
28/12/1925 a 25/02/1928.
14 Cônego Cesar Borges Pereira, de
25/02/1928 a 22/12/1929.
15 Monsenhor João Felipe, de 22/12/1929
a 5/01/1932.
16 Cônego Pedro Pezzuti, de 4/01/1932 a
1º/07/1932.
17 Pe. Sebastião Luiz de Araujo Gomes,
de 1932 a 1933.
18 Pe. Avelino dos Santos Ribeiro, de
1933 a 1934.
19 Pe. Paulo Hoefnalgels, sscc, como
substituto, de 25/05/1934 a 29/06/1934.
20 Pe. Alaor Porfiro de Azevedo, de
29/06/1934 a 8/1935.
21 Pe. Paulo Hoefnalgels, sscc, como
substituto, de 8/1935 a 1º/10/1935.
22 Pe. Waldemar Luiz de Resende, de
1º/10/1935 a 29/06/1937.
23 Pe. Clemente Baltus, sscc, de
29/06/1937.
24 Pe. Eloy Kee, sscc, desde
21/02/1938.
25 Pe. Ambrosio Smith.
26 Pe. Willbroad Meeder, substituto.
27 Pe. Cristiano Peek, substituto.
28 Pe. Ambrosio Smith.
29 Pe. Jeronimo Roozen.
30 Monsenhor Manoel Fleury Curado.
31 Pe. Antonio Resende.
32 Pe. Nilo Tabuquine, 26/01/1964, como
coadjutor (recém-formado).
33 Pe. Antonio Resende.
34 Cônego Nilo Tabuquini desde 1955 até
hoje.
Paróquia de N. Sra. de Fátima:
Desmembrada da Paróquia do Senhor Bom Jesus da Cana Verde em fevereiro de 1949,
tendo sido escolhido para vigário o Monsenhor Fleury Curado. Hoje se encontra
sob a orientação dos padres franciscanos.
Igreja Presbiteriana de Araguari: Em
princípios do mês de julho de 1884, chegou a este lugar (então Brejo Alegre) o
Rev. João Boyle e no dia 13 do mesmo mês recebeu por profissão de fé as seis
primeiras pessoas que foram a semente do presbiterianismo araguarino.
[...] de agosto de 1895, pela comissão
designada pelo Presbitério de Minas, composta dos seguintes membros: Rev.
Alvaro Reis, Rev. Caetano Nogueira Júnior e Presbítero Lourenço Moreira de
Almeida. Nessa ocasião foram arrolados 26 membros recebidos por profissão de fé
pelo Rev. Boyle e Rev. Franklin Cowan. O Presbítero Américo Goulart e o Diácono
José Coelho da Cunha foram seus primeiros oficiais.
Foram seus pastores até o presente:
1 Rev. Alvaro Reis, de 1893 a 1896.
2 Rev. Charles Morton, de 1896 a 1899.
3 Rev. Alfredo Teixeira, de 1901 a
1902.
4 Rev. Flamínio Rodrigues, 1905.
5 Rev. Roberto See, 1905.
6 Rev. Roberto D. Daffin, de 1906 a
1907.
7 Rev. Francisco Palmiro Rugger, de
1907 a 1911.
8 Rev. André Jesen, 1912.
9 Rev. Miguel Rizzo Júnior, de 1913 a
1914.
10 Rev. Galdino Moreira, 1915.
11 Rev. Teodomiro Emerique, de 1915 a
1921.
12 Rev. Alberto Zanon, de 1921 a 1926.
13 Rev. Jorge Hurst, de 1926 a 1927.
14 Rev. Jaime Hoodson, de 1928 a 1930.
15 Rev. Jorge Hurst, de 1930 a 1931.
16 Rev. Davi Lee Willianson, de 1931 a 1935.
17 Rev. Antonio Nunes de Carvalho, de
1935 a 1936.
18 Rev. Davi Lee Willianson, de 1937 a 1942.
19 Rev. Pascoal Luiz Pitta, de 1945 a
1965.
20 Rev. Noé Wey, de 1945 a 1965.
21 Rev. Nelson de Paula Armando
Bonilha, de 1966 a 1968.
Atualmente a Igreja está sob a direção
do eficiente e consagrado Pastor Rev. Abimael Etz Rodrigues.
Igreja Batista de Araguari: Foi em fins
de 1923 que chegou em Araguari o missionário batista Salomão Luiz Guinsburg.
Continuou no trabalho até 26 de abril de 1925, data em que foi organizada a 1ª
Igreja.
Sua organização foi feita com 25
membros em uma casa à Praça David Campista de onde se mudou logo para sua casa
própria à Rua da Glória.
Atualmente o novo templo é situado na
Praça da Constituição e o seu pastor atual é o Rev. Alfon Krucles.
Existe em Araguari outras denominações
evangélicas, tais como: 2ª Igreja Batista da Vila Goiás, Igreja Pentecostal
Assembleia de Deus, Igreja Adventista, Igreja dos Testemunhas de Jeovah, Igreja
de Deus e outras.
Espiritismo: Nos meados de 1920 foi
fundado nesta cidade o Centro Espírita Fé, Amor e Caridade, pelo Sr. Pedro
Moreira. Em 1924 fundou-se o Centro Espírita Caridade pelos Srs. Jerôncio
Teixeira, Abilio Ferreira, Aldeonoff Póvoa. Em 1930 foi inaugurado o Centro
Jardim da Luz. Existe atualmente em Araguari cerca de 20 centros espíritas.
ENTIDADES DE CLASSES E CLUBES DE SERVIÇO
Maçonaria: Desde o último decênio do
século passado, Araguari possuía sua loja maçônica. Em 1890 instalou-se nesta
cidade a Loja Maçônica Filantropia e Trabalho, sob os auspícios de Grande
Oriente do Brasil, este com sede na Rua do Lavradio, nº 97, no Rio de Janeiro.
Grande foi o movimento dos irmãos que promoveram essa iniciativa tão nobre e
feliz para a cidade.
Com o envolver das coisas, a maçonaria
que é essencialmente evolutiva, no ano de 1917 fez a mudança de nome da
Filantropia e Trabalho para Loja Maçônica Triângulo Mineiro, continuando,
ainda, sob a orientação do Grande Oriente do Brasil. Com esse nome permaneceu
até 6 de junho de 1936, quando fez convênio, fusão com outra Loja existente na
cidade, a Brasil Central. Esta última Loja pertencia a outra orientação, ou
seja, outra potência Maçônica, o que não significa maçonaria diferente. Em
substância, a Maçonaria é a mesma. Em 6 de junho de 1936, por iniciativa dos
irmãos de ambas as lojas – Triângulo Mineiro e Brasil Central, com a
aquiescência dos poderes competentes, Grande Oriente do Brasil e Grandes Lojas
de Minas Gerais – foi celebrado o convênio, a fusão, resultando daí a atual
Loja Maçônica União Araguarina. Sua sede era na Rua Municipal, hoje Rua Cel.
José Ferreira Alves; seu antigo prédio foi vendido para ser construído o novo
templo, com planta e projeto elaborado de acordo com as novas exigências da
Ordem, de acordo com seu desenvolvimento social. Havia crescido o seu quadro
social com a fusão ou reunião das duas lojas maçônicas. Hoje a União Araguarina
possui um grande patrimônio, grande terreno e um prédio com todas as
instalações necessárias ao bom andamento de seus trabalhos em seus diversos
departamentos. Esta sede está localizada na Praça João Pinheiro, seu quadro
social eleva-se para mais de duzentos sócios, todos integrados e perfeitamente
identificados dentro da nossa melhor sociedade.
A Maçonaria em nossa cidade tem
colaborado de maneira eficiente com nossas autoridades, emprestando, como é de
seu programa, as mais efetivas iniciativas ao desenvolvimento da cidade.
Associação Comercial e Industrial de
Araguari: Fundada em 19 de maio de 1935, declarada de utilidade pública pela
Lei Estadual nº 4.799, de 3 de junho de 1968, e pela Lei Municipal nº 1.257, de
19 de outubro de 1967. Sua finalidade é a de defender os interesses do comércio
e da indústria.
Foram seus presidentes até o momento:
1 Joaquim Alves Pereira (1935-1936 /
1936-1937)
2 Gerson Costa (1937-1938)
3 Augusto Costa (1938-1939)
4 Antonio Barbosa (1939-1940)
5 Orlando Medeiros (1940-1941 /
1941-1942)
6 Alfredo de Oliveira Santos
(1942-1943)
7 Assad Saad (1943-1944)
8 Democrito Wandenkolk (1944-1945)
9 Antonino Lemos da Silva (1945-1946)
10 Gerson Costa (1946-1947)
11 Milton de Lima (1947-1948)
12 Antonio Boaventura Sobrinho
(1948-1949 / 1949-1950)
13 Calimério Pereira de Ávila
(1950-1951 / 1951-1952)
14 Teodoreto Veloso de Carvalho
(1952-1953 / 1953-1954)
15 Lutero Vieira (1954-1955 / 1955-1956
/ 1956-1957)
16 Wady Gebrim (1957-1958)
17 Natal Mujalli ((1958-1959 /
1959-1960 / 1960-1961 / 1961-1962 / 1962-1963)
18 João Maldonado Filho (1963-1964)
19 Napoleão Rodrigues Borges
(1965-1966)
20 Gabriel Veloso de Araujo (1966-1967)
21 Antonio Boaventura Sobrinho
(1967-1969)
22 Teodoreto Veloso de Carvalho
(1969-1971)
Sindicato Rural de Araguari: Fundado
inicialmente com o nome de Associação Rural de Araguari, em 22 de abril de
1958, transformou-se em Sindicato Rural de Araguari no dia 27 de janeiro de
1966, com a finalidade de colaborar com os poderes públicos no desenvolvimento
da solidariedade social; manter serviços de assistência técnica, social e
jurídica aos seus associados visando a orientação e proteção da categoria;
promover a criação de cooperativas para a classe que representa; fundar e
manter escolas de alfabetização e pré-vocacionais, etc.
A 1ª exposição Agropecuária e
Industrial de Araguari sob o patrocínio do Sindicato Rural de Araguari se deu
no período de 3 a 7 de setembro de 1960, quando era presidente o Sr. João
Pereira de Araujo.
Clube de Diretores Lojistas de Araguari:
O Clube foi fundado em 7 de novembro de 1967 e é o 103º Clube desta natureza
existente no Brasil.
Filiado ao Clube de Lojistas do Brasil,
o CDL representa o início de um movimento de grande amplitude no setor lojista
nacional e tem como principais metas o aperfeiçoamento de técnicas de vendas,
entrosamento e aproximação dos proprietários de lojas e a disciplina do
crédito, através do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), órgão de grande
importância e considerado como o melhor serviço prestado ao Clube.
O SPC de Araguari funciona desde meados
de dezembro de 1967 e conta com um grande número de sócios representando a
maior força do comércio local.
O SPC de Araguari mantém um convênio
com todos os SPC do Brasil e encontra-se em condições de informar e receber
informações de quaisquer pessoas que venham para nossa cidade.
Rotary Club de Araguari: Fundado em 22
de outubro de 1941, admitido em R.I. em 13 de novembro de 1941, membro do
Rotary Internacional nº 5.434, Distrito 453.
O Rotary Club de Araguari foi
organizado em 15 de setembro de 1941 e sua instalação definitiva se deu em 22
de outubro do mesmo ano. Presidiu a solenidade o governador Dario Ribeiro
Filho, Distrito 28, e estiveram presentes os companheiros do Club padrinho,
Abelardo dos Santos Monteiro Pena, [...], muna.
O primeiro Conselho Diretor que se
constituiu para o ano rotário 1941-1942 iniciou com a seguinte representação:
Presidente: Arcino Santos Laureano;
Vice-Presidente: José Belizário Filho; Secretário: João Gomes dos Santos;
Tesoureiro: João Ribeiro; Diretor de Protocolo: Orlando Medeiros; Diretores sem
pasta: Joaquim Alves Pereira, Oswaldo Pieruccetti, Petrônio Accioly.
Lions Club de Araguari: Fundado em 14
de maio de 1960. Club padrinho (que fundou) Anápolis Leões. Padrinhos:
Anapolino de Farias e Raul Balduíno, do Lions Club de Anápolis, Goiás.
A entrega da Carta Constitutiva se de a
24 de setembro de 1960, era governador do Distrito, na época, Pedro Afonso
Mibielo de Carvalho.
Outras entidades de classe existem em
Araguari e que exercem grande influência em nossa comunidade:
União dos Estudantes de Araguari,
Sociedade Amigos de Araguari, Associação Médica, Associação Odontológica,
Associação dos Motoristas, Club de Caça e Pesca, Centros Gerais de Estudos e
Oratória, Associação dos Moradores do Bairro do Rosário, União da Mocidade
Presbiteriana de Araguari e outras.
COMÉRCIO E INDÚSTRIA
Na formação histórica da vida comercial
de Araguari, encontramos três elementos preponderantes: o mascate, o fazendeiro
e o cometa (caixeiro-viajante). O primeiro trazia mercadorias de fácil condução
e entrega, dos centros adiantados, tais como tecidos, utensílios para uso
pessoal e doméstico, perfumes, armarinhos, calçados, roupas feitas, etc. O
mascate percorria longas distâncias a pé, com um pesado baú às costas e
visitava a então Vila de Ventania, depois Brejo Alegre e as fazendas
adjacentes. Não dispondo de meios de propaganda, quase inexistente na época,
levava uma espécie de matraca à destra, que com o barulho procurava despertar a
atenção da freguesia. Eram, em geral, de nacionalidade síria. O segundo
(fazendeiro), dispondo de recursos primitivos de transportes – carro de bois e
tropa de muares – demandava aos centros comerciais mais próximos da região e de
lá traziam as mercadorias grossas: sal, arame farpado, querosene, café, etc., e
levava em troca toucinho em rolos, açúcar de forma, polvilho, farinha de
mandioca e de milho, algodão e cereais de sua colheita.
Depois que se instalaram na vila os
primeiros estabelecimentos comerciais (vendas), apareceu o terceiro elemento: o
cometa, assim apelidado o caixeiro-viajante porque, dadas as dificuldades de
transportes e locomoção existentes as suas visitas comerciais se repetiam com
intervalos de seis meses para mais. A este muito ficou devendo o desenvolvimento
comercial de Araguari. Era o único meio de aproximação e contato com os centros
mais adiantados em comércio. Não existindo serviço postal, telegráfico e
estrada de ferro, o “cometa” prestava valiosa contribuição aos novos e
inexperientes negociantes, dando-lhes preciosa orientação, excelentes
informações e muitas vezes trazendo-lhes pequenas encomendas. Viajavam com
tropas de muares que conduziam sua bagagem, amostras e cozinha. Era auxiliado
por um grupo de tropeiros, homens rudes e fortes, afeitos às penosas e longas
viagens em lombo de animais, contratados no sertão e perfeitos conhecedores do
interior.
O dia da chegada do “cometa” na
localidade era de festa. Trocavam-se amabilidades entre ele e as principais
famílias da vila, havendo convites recíprocos de almoços, ceias, bailes, etc.
Esses foram os primeiros sinais do
comércio Araguarino.
No fim do século XIX foi instalada, no
local hoje ocupado pelo Hotel Central, a primeira casa comercial de vulto, com
variado sortimento. Foi seu proprietário o Sr. Joaquim Botelho. Logo após
vieram outras firmas: Egídio Costa, Teófilo de Godoi e Edmundo de Godoi,
instalados no largo da matriz e Ana Sampaio no local onde hoje é a residência
do Sr. Osmundo Rodrigues da Cunha. Os ramos comerciais eram invariavelmente os
mesmos: tecidos, armarinhos, roupas feitas, perfumarias, querosene, sal,
cereais, calçados, etc.
Com o aumento da vila, foi fundãdo o
Hotel Brasil, no Largo do Rosário, de propriedade do Sr. Olimpio Ferreira dos
Santos, que mais tarde foi substituído pelo Hotel Solon no mesmo local. Foi
montada também nesta época a primeira máquina de beneficiar arroz, de
propriedade do Sr. Teodofredo Perfeito. Era movida a vapor.
Em 1895 foi organizada uma firma em
estilo mais avançado de propriedade dos Srs. José Ferreira Alves e José Vieira
de Castro. Com a chegada dos trilhos da Mogiana em 15 de novembro de 1896,
vieram para esta localidade diversos comerciantes de Uberaba. Caldeira e
Gomide, Ribeiro Veloso e Cia., Rato e Froes e outras no ponto terminal dos trilhos
na Mogiana onde é hoje a Avenida Joaquim Anibal. Daí para cá Araguari tornou-se
um grande centro de influência e o seu comércio e indústria teve notável
progresso até chegar os dias de hoje.
A primeira indústria de Araguari data
de 18 de março de 1885. Partiu do Sr. Joaquim Gonçalves Goulart que encaminhou
à Câmara m requerimento pedindo que fosse demarcado um terreno apropriado para
o fabrico de adobes.
Em 1916 foi instalada pelo Sr. Dante
Galassi a primeira charqueada de Araguari, sendo que em sua caldeira era
adicionada lenha.
Atualmente estão em funcionamento em
Araguari mais de 120 indústrias, sendo as principais: frigoríficos, máquinas de
arroz, indústria de cerâmicas, fábricas de adubos e fertilizantes, fábricas de
equipamentos frigoríficos, de manteiga e queijo, fábrica de cortiço e
isolamentos e outras pequenas indústrias. Localiza-se também em Araguari um dos
principais curtumes da região e um frigorífico especial de abate de equinos
cuja produção é exportada para Europa e Ásia.
ESTRADA DE FERRO DE GOIÁS
Ferrovia que constitui um capítulo à
parte na nossa história.
A idéia da Estrada de Ferro de Goiás
surgiu da idéia de se ligar por ferrovia a capital da República (Rio de
Janeiro) à antiga capital de Goiás.
Por um projeto de lei apresentado em 1851
pelo deputado Paulo Cândido, a idéia pareceu criar corpo, mas, naquela época,
ainda não existia via férrea no Brasil.
O governo provisório, 1890, organizou
um planejamento ferroviário para vários estados, e um de seus intuitos era
ligar Goiás à Cuiabá à rede existente.
Foi feita uma concessão para uma linha
que, saindo de Catalão, deveria alcançar Palma, e organizou-se para explorá-la
a Companhia Estrada de Ferro Alto Tocantins.
Em 1904, o governo alterou aquele
traçado, deslocando o ponto inicial para Araguari e o terminal para a capital
de Goiás, mantendo os favores existentes, mas a aludida companhia foi
transformada para Companhia de Estrada de Ferro de Goiás.
Em 28 de setembro de 1911 foi entregue
ao tráfico o trecho entre Araguari e Engenheiro Bithout.
Em 1920, por um decreto o governo
declarou caduco o contrato com a Companhia e a Estrada de Ferro de Goiás passou
a ser administrada pela União. Hoje ela se encontra integrada na Rede
Ferroviária Federal.
TIRO DE GUERRA 57
O Tiro de Guerra 57 que, quando de sua
formação em 151 de novembro de 1915, recebeu o nº 232, sob o qual tantas
gerações araguarinas receberam instrução militar. Nesse mesmo dia 15, o Tiro de
Guerra 232 fez sai primeira parada militar tendo como porta-bandeira o Sr.
Salvador Carvelo. Seu primeiro presidente foi o Ten. Maximinio Nunes.
Hoje o serviço militar em Araguari é
efetuado pelo 2º Batalhão Ferroviário Mauá, que tantos e relevantes serviços
têm prestado à nossa comunidade.
AEROPORTO
O nosso aeroporto com sua superfície
plana e em grande extensão é um orgulho legítimo de nossa cidade.
Este aeroporto, para adquirir tamanha
extensão, passou pelas mais variadas e interessantes transformações.
Até o ano de 1930, existia um pasto de
propriedade de Benedito Charuto, nome vulgar. Em 1931, foi apresentado um
projeto de lei em favor da construção de um campo de pouso em Araguari, o qual
foi aprovado. O prefeito por intermédio de dois jagunços intimou o Sr. Benedito
a entregar as terras que ocupava. Os jagunços foram bem municiados a fim de
assegurarem o sucesso do trabalho, o que fizeram do seguinte modo, quando se
achavam frente a frente com o Sr. Benedito: “Ocê tem que entregar as terras
daquele pasto pra ser feito campo de aviação, e tem prazo de três dias para
arrancar os arames”.
Benedito Charuto não era medroso,
porém, de espírito progressista, imediatamente mandou retirar os arames que
cercavam o terreno de sua propriedade [...] disso pelo menos naqueles tempos
não possuía ela documentos que lhe assegurassem a propriedade.
Benedito era natural da Bahia. Era
negro de pele, mas branco na alma. Possuía, apesar de gênio austero, ótimas
qualidades. Exercia profissão de açougueiro, da qual se servia para um honesto
meio de vida. Quando moço conseguiu juntar uma modesta, mas boa economia, o que
veio mais tarde perder por consequências de graves doenças que o arrastaram à
mais completa miséria até seus últimos dias de vida. Ele faleceu em 1945, numa
modesta casa situada no antigo Largo da Barriguda. Seus funerais foram
custeados pelos seus amigos, que sempre viram nele uma pessoa merecedora das
mais dedicadas atenções, porque em vida fez o mesmo.
Em síntese é o que se consta do fato
que deu origem ao nosso aeroporto.
SANTA CASA DE MISERICÓRDIA
A Santa Casa de Misericórdia foi
fundada em 18 de janeiro de 1917, e registrada no cartório do 2º ofício desta
comarca em 1º de agosto de 1918, com seus estatutos aprovados e registrados em
igual data, no mesmo cartório dos registros jurídicos, sob o nº 22, página 8 do
livro nº 2, e averbado no dia 6 do mesmo mês, para fins de direito. Foi seu
provedor por mais de 20 anos o Sr. Eufrosino de Oliveira.
CONSTRUTORES DA GRANDEZA HISTÓRICA DE ARAGUARI
Tertuliano Goulart: Era conhecido na
intimidade simplesmente por Tula. Franzino no físico, mas de espírito de
gigante pelo que realizou, em meio adverso e em tempo primevo.
Ele fundou a imprensa em Araguari,
vindo de Bagagem onde já era jornalista e proprietário de tipografia, que tudo
transferiu para esta cidade.
Nasceu em 7 de setembro de 1855, em
Estrela do Sul. Era filho de Joaquim Gonçalves Goulart e de D. Teodolina Mendes
de Carvalho.
Nascendo e vivendo em meio tão
sugestivo pelas tradições, pela paisagem e pela população garimpeira de mistura
de homens de intelecto e trato social, a imaginação de Tula foi incitada desde
logo, alimentada fartamente para cumprir o destino que lhe estava traçado.
Querendo como todo o moço árdego
influir no meio, arrancando-o de preconceitos e erros próprios do meio em que
os aventureiros pululam, ele enxergou na imprensa a alavanca para o ingente
esforço. E assim redigiu vários periódicos de sua propriedade: Bagagem, O
Garimpeiro, Estrela do Sul e outros. Ele escrevia, compunha, revisava, emendava
e imprimia seus jornais. Seu afã foi luminoso. Não fraquejou diante de dificuldades.
Aguerrido e polemista, ele lutou, ferindo batalhas em prol do progresso da
região. É de ser citado o da extensão da Rede Mineira de Viação até Estrela do
Sul e dali a Araguari. E ele estava com a razão. Este foi seu maior empenho.
Seu obsedante ideal. E só isso bastaria para consagrá-lo à admiração dos
araguarinos.
Quando veio para Araguari trouxe
consigo seu último jornal editado, O Evangelista. Aqui fixou residência em 21
de abril de 1894, logo fundando O Araguari, decano da nossa imprensa e que devia
tornar a ser editado. Dedicou-se inteiramente à solução dos problemas desta
terra.
Caracterizava-se, na imprensa, pela
fibra inquebrantável e pela integridade de caráter e pela honestidade de sua
vida, o que lhe permitia o desassombro de sua pena, sempre bem-intencionada,
persuasiva e progressista.
Todos os aspectos de Araguari mereciam
o seu interesse jornalístico sadio. Até que em 1º de julho de 1939 a morte veio
lhe descansar a pena brilhante, que ainda não foi retomada, isto é, foi
retomada por Antonio Nunes de Carvalho Filho, para de novo ficar imóvel e
digna, num repouso honroso.
No dia 21 de abril de 1894 apareceu o
primeiro número de O Araguari, que ininterruptamente se publicou durante 36
anos, sob a direção de Tertuliano Goulart.
Por sugestão de Lindolfo França Dofico,
foi dado o nome de Tertuliano Goulart a uma das ruas da cidade, o que bem
traduz o apreço da nossa cidade e da nossa gente por um homem que soube amá-la,
servi-la e engrandecê-la.
Padre Lafaiete de Godoy: É uma das
figuras de maior relevo da história de Araguari. Seu nome cresce, avulta-se na
pena do historiador, seja para um retrospecto ligeiro de pesquisa histórica, ou
para um estudo mais profundo do nascimento e evolução do nosso município.
Deputado provincial, em 1988 elaborou e
defendeu o projeto que se transformou na lei provincial que elevou Brejo Alegre
à cidade, dando-lhe o belo nome de Araguari.
Pe. Lafaiete nascem em Bagagem, no dia
8 de julho de 1860. Era filho de João Batista de Godoy e D. Tiburcia
Guilhermina de Godoy (a qual foi a primeira pessoa a ser sepultada no cemitério
local).
Em setembro de 1872 foi para o Colégio
de Caraça. Concluindo o curso de humanidade naquele estabelecimento teve que
aguardar a idade para continuar os estudos no seminário. Em fevereiro de 1882
seguiu para a velha capital de Goiás onde recebeu ordens sacras. Posteriormente
laureou-se em Direito Canônico em Roma. De 1888 a 1889 ocupou a cadeira de
deputado provincial. Após a proclamação da República, afastou-se por motivos de
convicção íntima, da política, coerente com a sua formação monárquica.
Celebrada a sua primeira missa, festivamente, na velha Bagagem a 8 de setembro
de 1885, lá esteve como cura d’almas. Depois esteve com a mesma provisão em
Ponte Nova, Aterrado, Sertãozinho, Batatais, Pindamonhangaba e São Simão as
duas primeiras em Minas e as outras no Estado de São Paulo. Recolhendo-se à
vida privada, passou a residir nesta cidade, onde se tornou um conselheiro
natural de todos os setores das atividades municipais. Celebrizou-se especialmente
pelo seu combate à Maçonaria, criando a célebre “tripligoides”, com a qual
taxava os maçons, gozando, entretanto, da amizade particular de todos eles.
Era irmão de D. Mariquinha de Godoy,
sua grande colaboradora em obras assistenciais.
Faleceu no dia 8 de junho de 1935 e foi
sepultado excepcionalmente no cemitério particular dos padres dos Sagrados
Corações.
[...] estendendo-se pelo Brasil inteiro
e também para fora do Brasil, sem dúvida Joaquim Alves Pereira é o nome mais
alto que se possa pronunciar ligado a Araguari no aspecto econômico.
Era comerciante e industrial, o
importador e exportador cujo renome ultrapassara as fronteiras do Brasil.
A morte o colheu válido, em plena
forma, quando estava alçando o seu voo mais alto, verdadeiro condor andino que
era na sua vergadura intelectual e no seu dinamismo.
Sua vida de comerciante começou quando
se tornava de menino em jovem. Isto foi exigido pela saúde de seu pai, Sr.
Anibal Alves Pereira, que necessitava do braço e da inteligência do único filho
varão. Deixou o Mackenzie College, interrompendo seus estudos, e veio
colocar-se ao lado do pai, assumindo a gerência da importante firma comercial
da Avenida Boa Vista.
Tremendo golpe, para Joaquim, ainda
menino quase, foi o falecimento de seu venerando genitor, em 1923. Apoiaram, no
entanto, no doloroso transe, seus parentes, Mateus Alves Pereira, tio e coronel
Belchior de Godoy, organizando-se em sociedade, na firma Pereira & Cia.
Assim apoiado e prestigiado, Joaquim
Alves Pereira pode demonstrar toda a sua capacidade. A firma Pereira & Cia
não demorou a se tornar líder do Triângulo Mineiro. O giro comercial e
industrial avolumou-se. Abriram-se filiais e sucursais por toda a parte: Rio de
Janeiro, São Paulo, Anápolis e Belo Horizonte. Borracha de mangabeira, rutilo,
cristal de rocha, malacacheta, arroz, feijão, algodão, etc., em alta escala.
Pereira & Cia, sob a direção de Joaquim Alves Pereira, tornou-se uma das
principais organizações econômico-financeiras do país. Se a morte não apanha
Joaquim Alves Pereira, Araguari teria outro destino, sem dúvida nenhuma,
estando o seu progresso bem mais adiante, gigantescamente adiante. Seu lema
era: “Tem de tudo para todos”, era uma verdade. Nunca mais houve, em Araguari,
outra personalidade igual a Joaquim Anibal, ainda que os tempos que vieram
depois dele tenham sido mais propícios. Ele teve que vencer dificuldades que
para os outros teriam sido insuperáveis.
E o que mais admirava era a sua
juventude, pois sua idade não era para tamanhas realizações. Verdadeira nova revelação,
revolucionária, que quebrou todos os tabus ambientes, que suplantou todos os
prognósticos, atuação marcante e gritante, Joaquim Alves Pereira, na
intimidade, Joaquim Anibal, foi araguarino dos mais ilustres, seu nome está
gravado em letras de ouro na nossa história.
Faleceu bem jovem no dia 20 de dezembro
de 1943, quando voava do Rio para São Paulo em viagem comercial.
Ele parecia ter o dom da ubiquidade.
Estava em toda a parte onde sua presença fosse necessária a boa marcha dos
múltiplos negócios de sua firma.
Aqui teve refinaria de querosene,
beneficiava borracha de mangabeira, explorava em Goiás minas de rutilo e
cristal, que exportava diretamente para os Estados Unidos. Transportava em
avião de carga de sua propriedade, além de outro para suas viagens mais
urgentes. Cereais em alta escala que exportava também para os Estados Unidos,
de onde vinha no retorno maquinarias. Foi presidente da Associação Comercial e
fundador do aeroclube de Araguari.
Manoel Dos Santos Laureano (Manoel
Bonito): O Sr. Manoel Bonito, como era popularmente conhecido por todos, era
português. Nasceu em São Tiago da Guarda, no dia 7 de abril de 1869 e faleceu
em Araguari aos 75 anos, em 22 de maio de 1943.
Aqui aportou jovem, em 1893. Casou-se
em Portugal com D. Maria Amélia Diniz Santos Laureano, em 1906, indo à pátria
para esse fim, trazendo a esposa para Araguari, onde radicou-se
definitivamente, nascendo-lhe oito filhos. Iniciou suas atividades no Brasil,
terra de adoção, como simples trabalhador. Era carpinteiro. Dedicou-se passado
certo tempo à indústria de madeiras montando serraria de macaúba, neste
município. Ingressou após no ramo de cereais, montando grande máquina de
beneficiar arroz.
Depois de ter construído sólida
residência, prédio onde funciona a Goiás Atlética, já em 1929, em plena crise
mundial, com profundos reflexos em Araguari, ele seguindo os impulsos de visão
notável que o caracterizou, deu começo à construção do majestoso bloco
arquitetônico que ocupa o quarteirão mais central da cidade, na antiga Praça
Francisco Salles, merecidamente mudando o nome para Praça Manoel Bonito, em
homenagem ao homem que tanto fez por Araguari num período em que todos os
homens de negócio estavam acovardados. Nesse bloco, ressaltam o Palace Hotel,
antigo Clube Recreativo e Cine Rex, bloco que inaugurou em Araguari um novo
ritmo de modernização.
Foi também seu impulso de progresso
inteligente que causou esse orgulho pioneiro da radiotransmissão em nossa
terra, a PRJ3, Rádio Araguari, hoje com 5.000 watts de potência. Denominava-se
a princípio Rádio Universo, mas a pedido de Manoel Bonito entrou no ar com o
nome de Sociedade Rádio Araguari, numa afirmação de seu amor e gratidão a esta
terra.
O Decreto nº 22, de 20 de julho de
1938, é que mudou o nome da Praça Francisco Salles para o de Manoel Bonito, em
reconhecimento do muito que fez Manoel dos Santos Laureano por Araguari.
Coronel Marciano Santos: A
administração política de Araguari teve duas figuras representativas, dos
tempos anteriores ao mais a nós chegados: uma foi a do Cel. Olimpio Ferreira
dos Santos, que governou Araguari como agente executivo por 18 anos; seguiu-lhe
a figura do Cel. Marciano Santos, que trouxe à administração de Araguari feição
moderna.
O Cel. Marciano Santos com seus irmãos
mudaram-se da então Bagagem para Araguari. Muito influíram nos destinos da
economia araguarina.
Marciano Santos era o chefe de família
e mais prestimoso, mesmo porque ele se dedicou bem logo à atividade política
tornando-se grande líder.
Foi alto comerciante e banqueiro firme.
Eleito agente executivo de Araguari, só deixou o posto por ocasião da revolução
da aliança liberal, que causou profundas mudanças no cenário político nacional,
quando foi preso juntamente com o Cel. Belchior de Godoy, pela junta
governativa militar-civil que se apossou do poder em Araguari.
Sua atuação em Araguari foi notável, e
seu nome está ainda bem vivo na memória de Araguari das gerações mais antigas.
Coronel Belchior de Godoy: Nasceu em
Araguari no dia 7 de setembro de 18875. Filho de Nicolau Alves Pereira e de
Maria Cândida de Godoy, abastados fazendeiros deste município. Adquiriu
instrução razoável no curso de humanidades, em Uberaba. Pela sua condição
social de relevo à mercê do prestígio das duas famílias que era descendente, a
família Alves Pereira, uma as pioneiras desta localidade, e Godoy, que aqui
aportara do seu último movimento migratório da legendária Estrela do Sul.
Belchior de Godoy ocupou alta posição no meio social e político de Araguari.
Adolescente, já ocupava o lugar de vereador, revelando grandes qualidades.
A princípio, graças à influência da
família e depois pela revelação de suas qualidades pessoais, Belchior de Godoy
tornou-se o maior líder político de seu tempo.
Faleceu em 11 de outubro de 1949, com
74 anos de idade. Desta longa existência, meio século se confunde com a
história de Araguari. Sua decisão e energia muito valeram no encaminhar
Araguari para seus altos destinos.
Antonio Nunes de Carvalho: Nasceu em
Carmo do Paranaíba, em 26 de novembro de 1882, tendo vindo para Araguari com 20
anos, aqui veio a falecer em 4 de agosto de 1954. Viveu 82 anos.
Veio trabalhar como guarda-livros na
casa comercial de Marciano Santos, aqui se casou com D. Elisa Vieira de
Carvalho, de cujo consórcio nasceu 14 filhos. Foi político de proeminência,
sendo eleito vereador. Ocupou o cargo de tesoureiro do município. Comerciante,
jornalista, sobretudo. Pensamento firme e bravo jornalista, muito elevou a
tradição da imprensa araguarina. Em seu jornal, penas brilhantes de jornalistas
de renome, ele aliciou: Polônio Tabosa, Câmara Filho, Leolince, Odorico Costa,
Licidio Paes. Imprensa de vulto. Jornalismo robusto e de bravura, estilo
grandiloquente. Imprensa de verdade.
Foi um dos bravos batalhadores da
imprensa araguarina.
José Lemos da Silva: Antônio Lemos da
Silva, homem de estatura dos patriarcas mais respeitáveis, aqui veio se
radicar, tendo vendido as suas propriedades em Estrela do Sul. Aqui se
estabeleceu definitivamente com seus numerosos filhos, hoje todos homens de
alta valia na sociedade araguarina.
Isto aconteceu em 1918. Organizou com
seus filhos importante firma comercial, que veio a ser uma das mais influentes
de toda a região, dedicando-se principalmente ao ramo de cereais.
De seus filhos fez-se logo notado José
Lemos da Silva, não só no meio econômico, como também nas atividades sociais.
Tornou-se figura das mais marcantes e influentes de Araguari.
Homem de grande visão, aliou-se a
Manoel Bonito para a construção do Cinema Rex, primeiro cinema moderno de
Araguari.
Foi casado com D. Afra de Melo Lemos,
vindo a falecer em 23 de fevereiro de 1946. Deixou três filhos: Hilton Lemos da
Silva, Hermano e Ênio, este já falecido.
Miguel José da Costa: Uma das mais
cultas intelectualidades do nosso meio social, a serviço das boas causas
ligadas ao direito e à justiça. Foi também grande jornalista, redigiu jornais
em que defendia os interesses de sua terra. Militou na carreira de advogado, a
despeito de não ter se formado.
Olímpio Ferreira dos Santos: Homem
abnegado e que estremeceu esta terra. Consagrou-se de corpo e alma à causa do
povo que lhe demonstrou sua estima, gratidão e confiança, elegendo-o chefe do
governo municipal, posto em que prestou relevantes serviços em diversas
legislaturas.
Dr. Lamartine Santos: Filho de Araguari
e uma das mais sadias inteligências que aqui vicejaram no campo da ciência
médica, em que uma plêiade de moços da nova geração honram esta terra,
elevando-a acima dos municípios mais prósperos e invejados.
Cel. Lindolfo Rodrigues da Cunha:
Natural de Araguari, nasceu em 1851. Descendente de camponeses, gente laboriosa
que deu ao município operosos lavradores e ao Triângulo cidadãos úteis. Cedo
deixava o conforto do lar e ia para o seu retiro onde labutava em companhia de
seus camaradas, de sol a sol. Desta existência laboriosa adquiriu fortuna
honesta e sólida, constituída em parte por enorme escravatura. O seu primeiro
assomo de abnegação foi libertar os seus escravos antes de ser decretada a lei
áurea da abolição.
Em 1896, o Cel. Lindolfo dava os
primeiros passos para a construção do asilo N. Sra. do Rosário, anexo à Santa
Casa, edificada, também em grande parte com sua generosa contribuição. Político
de grande prestígio, pleiteou e conseguiu exuberantes melhoramentos para sua
terra.
O NOME ARAGUARI
É assunto ainda
discutível a origem e o porquê do nome dado à nossa cidade. São dadas várias
interpretações ao vocábulo que são curiosas:
Do Dicionário Moderno da Língua
Portuguesa, de Afonso Telles Alves:
Araguari – s.m. – Bras. Zool. Espécie
de arara.
Araguari – Significa rio ou lago dos
vales das aves. Alteração de Aragoari (Ara – papagaio; goa – vale; er-y –
água).
Araguari – ar (ventania); água (brejo);
ri (alegre) tripartindo o vocábulo numa fantasia pilhérica atribuída como coisa
séria do Pe. Lafaiete.
Outros dizem que tem esse nome porque
havia aqui numerosos periquitos verdes chamados Araguari, porém o mais
provável é que esse nome tenha sido tirado da canhoeira – navio de guerra – que
participou da Batalha do Riachuelo, para dar título de Barão de Araguari ao Cel.
Antonio Dias Maciel, pai de Olegário Dias Maciel, que patrocinou o projeto de
criação do município.