sábado, 19 de setembro de 2015

RECORTES DA HISTÓRIA DE ARAGUARI



RECORTES DA HISTÓRIA DE ARAGUARI
Da Época dos Bandeirantes ao Ano de 1976

Apresentação

O texto que adiante segue teve como referência fundamental a acurada pesquisa levada a efeito pelo Professor Severino Coelho. Escrevi esta monografia para participar de um concurso promovido Academia de Letras de Araguari, no ano de 1976. Confesso que não tinha qualquer pretensão de vencer certame. Todavia, fui o único inscrito. E, por incrível que possa parecer, o relator da Comissão Examinadora classificou meu trabalho em segundo lugar. Fato inédito! Fui o único a participar do concurso de monografias sobre a história de Araguari e não venci. Fica o bisonho resultado incorporado ao anedotário dessa Cidade Sorriso...
Passados já quase 40 (quarenta) anos da apresentação de meu despretensioso ensaio àquela banca de concurso, cumpro o que prometi, disponibilizando o texto, apenas a título de subsídio, para os que amam essa Cidade e entendem que o registro de sua história deve ser prestigiado. Não faltará, por certo, quem se disponha a escrever histórico mais alentado, em formado científico e criterioso. Temos já publicados os livros: Pelos Caminhos da História: Pessoas, coisas e fatos de Araguari de Abdala Mameri; 100 anos de dados e fatos pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Araguari; Vozes da Lama de Fernando de Lima; Sou Mário Nunes de Araguari, de José Eustáquio Valverde Moraes; Araguari e sua história (recém-lançado) e para completar é de ser mencionado o acervo virtual, na Internet, do Grupo Reza a Lenda que em Araguari....  com ótimos textos e ilustrações.
Apresento, pois, o meu intento de monografia, que ficou em um segundo lugar... durante quase 40 anos. Mas, a Cidade que nos acolhe seguirá sempre em primeiro.
Araguari, quase Primavera de 2015.
Jonas Alves da Silva


INTRODUÇÃO - ANTECEDENTES

  
Desde 1623, os bandeirantes investiam contra a organização político-teocrática dos jesuítas obedientes às ordens do superior padre Roque Gonzales de Santa Cruz. O objetivo destas bandeiras era preparar índios para a escravização. O capitão-mor, Álvaro Luiz do Vale, com receio de perder seus homens quando deles mais necessitava para enfrentar o perigo da invasão holandesa, baixou um mandato ordenado aos oficiais da câmara a não deixar que saíssem sertanistas e que apreendesse toda pólvora e todo chumbo que fossem encontrados. Embora nem todos obedecessem a essa ordem, as bandeiras só tiveram franco prosseguimento depois de 1628, quando Manoel Preto e Antônio Raposo Tavares se lançaram rumo ao sul, com 70 paulistas, 900 mamelucos e 2.000 índios.
O objetivo principal dessa bandeira era a destruição do império jesuíta das reduções paraguaias, alargando os domínios portugueses da América, mediante o recuo do meridiano do tratado de Tordesilhas e como fruto imediato, a captura de índios. A luta foi feroz e encarniçada, terminando com a derrota dos jesuítas, que se mantiveram na margem direita do Paraná. Destruídos, uma a uma, as reduções, todos os índios foram arrebanhados e conduzidos para São Paulo.
Sem que ninguém o soubesse como, um desses jesuítas, o padre Caturra, desgarrou-se dos seus irmãos em fuga, subiu o Paraná conduzindo alguns índios em poucas canoas, ganhou o Paranaíba, penetrou o Rio das Abelhas, e foi localizar-se à margem direita desse rio, onde mais tarde haveria de surgir a Aldeia de Sant’Ana, hoje Indianópolis.
Esse padre penetrou regiões absolutamente virgens, vencendo uma natureza hostil, realizando uma viagem prodigiosa. Depois de reunir mais de 5.000 índios nesse aldeamento, padre Caturra regressou ao sul, levando consigo os Guaranis que lhe eram fiéis. Foi essa a primeira semente da civilização em terras do Triângulo Mineiro.
Em 1593, sob o reinado de Felipe II, da Espanha, Sebastião Marinho pisou pela primeira vez as terras incultas de Goiás. A segunda bandeira que penetrou as regiões desconhecidas do Brasil Central foi a de 1596, conduzida por João Pereira de Sousa Botafogo. Depois dessa foi a de Domingos Rodrigues, que saiu de São Paulo de Piratininga, também em 1596. Belchior Dias Carneiro saiu de Piratininga em 1607, e Antonio Pedroso de Alvarenga partiu em 1615.
Desde então até 1665, nenhuma iniciativa houve de incursão em Goiás. Essas incursões estiveram proibidas por ordem do capitão-mor Álvaro Luiz do Vale. Depois disso muitas bandeiras penetraram Goiás, vindas do norte, a mando do Governador do Maranhão (1762).
Bartolomeu Bueno da Silva, o filho, requereu de Dom João V, em 1720, licença para penetrar a região de Goiás, onde já estivera em companhia de seu pai. Vê-se pelo requerimento que Bueno estava associado a João Leite da Silva e Domingos Pires do Prado. Isso se deu exatamente quando o conde de Assumir, Dom Pedro de Almeida, deixava o governo de São Paulo, passando-o a D. Rodrigo Cezar de Menezes, que empossou em 5 de setembro de 1721. D. João V acedera ao requerimento de Bueno, o filho, por Carta Régia de 14 de fevereiro de 1721. D. Rodrigo estudou o pedido, reunindo informações sobre a idoneidade de peticionário, concordando, afinal, com a aprovação. Bartolomeu Bueno da Silva, o filho, partiu de Piratininga em junho de 1722. O bandeirante atravessou o Rio Grande, passou pelas imediações de Araguari e penetrou em Goiás pela margem direita do Rio São Marcos, por onde seguiu rumo a Planaltina. Depois de peripécias inenarráveis, Bueno voltou a São Paulo, entregando a D. Rodrigo um relatório acompanhado do material coletado, sendo recebido com manifestações jubilosas. Bueno obteve a concessão dos rios com todo o seu ouro, para si e até para a sua terceira geração. Sua chegada em São Paulo se deu em 21 de outubro de 1725.
Bartolomeu Bueno da Silva empreendeu a sua terceira incursão, já empossado no título de Superintendente das Minas, partiu de Piratininga no dia 12 de junho de 1728, sob o governo de Caldeira Pimentel, sucessor de D. Rodrigo. Desde então, Bueno entrou em desgraça, sendo atrozmente perseguido por Pimentel, que o processou e o difamou. João Luiz da Silva Hortiz, sabedor de tudo, foi enviado a Portugal para relatar os acontecimentos ao Rei. Mas foi misteriosamente assassinado em Pernambuco pelo padre Matias Pinto, a mando de Caldeira Pimentel. Bueno perdeu a partida, e todos os seus bens foram confiscados para cobrir diferença de arrecadação desde 1723. Assume a superintendência das Minas, Gregório Dias da Silva todas as concessões de D. João V, inclusive o direito de ter sesmarias e governo militar. Bueno da Silva veio a falecer em 19 de setembro de 1740.
Bueno da Silva ao penetrar em Goiás descobriu a tribo dos Goyazes, à margem do Rio Vermelho. Trouxera consigo Manoel de Campos Bueno e seu filho Antônio Pires de Campos Bueno. Este foi assassinado em Mato Grosso pelos índios em 1668.
A nomeação de Gregório Dias da Silva, que era ouvidor paulista, para visitar Goiás, deu-se em 1735. As ordens régias de 11 de fevereiro de 1736 e de 12 de março do mesmo ano, erigiram o país dos Goyazes em Comarca dependente da Capitania de São Paulo, e investiram Gregório Dias da Silva nas atribuições dessa ouvidoria. O próprio Conde de Serzeda empreendeu uma viagem a Goiás, acompanhado do tenente-general Antonio Luiz de Sá Queiroga, tenente Antonio da Silva Mota e de seu secretário, em São Paulo, Antonio da Silva Almeida. Serzeda morreu em Goiás.
Um alvará de 8 de novembro de 1744 desanexou a Comarca dos Goyazes constituindo-a em Capitania. Era então, governador de São Paulo, Gomes Freire de Andrade, que substituiria D. Luiz.
Quando Bartolomeu Bueno da Silva, o filho, empreendeu sua incursão em busca das minas e outro e da Serra dos Martírios, já tinha certeza do que procurava, porquanto estivera na região dos araés em companhia de seu pai, com a bandeira de Antonio Pires de Campos, o velho que fora morto pelos índios mato-grossenses. O segundo Anhanguera partiu de São Paulo em 1722, trazendo consigo João Leite da Silva Hortiz, mas não conseguiu encontrar o sítio que vira quando da viagem com o pai. Foi na expedição de 1725 que conseguiu o fim almejado, encontrando as minas de ouro, das quais veio a ser superintendente.
Nessa viagem, que descreveu minuciosamente, e dela se tem as melhores informações no arquivo do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, Antonio Pires de Campos, o filho, fundou as Aldeias de Sant’Ana, Piçarrão e Rio das Pedras. O sertanista tomou essa decisão com o fim de alojar grande número de índios bororos e paresís, que trouxera de Mato Grosso especialmente para oferecer combate aos caiapós, senhores da região, e que dificultavam o trânsito dos bandeirantes na sua passagem pelo Triângulo, assaltando as comitivas, assassinando e sequestrando impunemente.
Os índios traídos de Mato Grosso foram organizados em grupos de combate e atacaram a Aldeia Caiapó com pleno êxito. Destruíram-na e trataram os vencidos com extrema crueldade. A luta foi encarniçada e terrível, levando os derrotados a recuarem para as regiões mais afastadas do pontal do Triângulo e do Alto Araguaia. O governo compensou os índios que traziam o policiamento da estrada anhanguerina concedendo-lhes uma faixa de terras com mais de uma légua e meia para cada lado da estrada, perfazendo, portanto, três léguas, desde o porto sobre o Rio Grande, até o Porto Velho, no Paranaíba.
As aldeias de Sant’Ana do Rio das Velhas, hoje Indianópolis e de São João do Rio das Pedras, hoje Cascalho Rico progrediram, ainda que lentamente. A do Piçarrão não teve a mesma sorte, por haver caído em desgraça, desde que ali assassinaram, barbaramente, o padre diretor. Esse teria repreendido os índios numa reunião popular por estarem promovendo roubos e depredações. Os outros índios, não compactuando com a criminosa ação dos assassinos do padre, convenceram-se de que a localidade ficaria amaldiçoada, abandonaram a povoação, que declinou até desaparecer por completo. Essa localidade, onde ainda se pode ver os vestígios do que fora outrora, passou-se a chamar Arraial Velho.
O sábio alemão Barão de Echwege visitou as duas aldeias no princípio do século XIX. Também o naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire esteve em Sant’Ana e Rio das Pedras, no ano de 1819. Em Sant’Ana foi encontrar índios bororos falando língua que não era a sua, e tinha manifesta semelhança com o guarani. Isso confirma a presença ali dos índios guaranis do padre Caturra. No Rio das Pedras Saint-Hilaire conversou com o capitão da aldeia, registrando sua gratidão pela afabilidade com que foi recebido pelos índios.
As duas aldeias que sobreviveram tiveram importante papel no povoamento da região. Ambas se avizinhavam do sítio em que mais tarde surgiria Araguari. Mas a Aldeia do Piçarrão talvez se houvesse transformado na cidade de hoje, não fora a reprovável atitude dos indígenas.
Entre o Rio Grande e o Paranaíba, na margem esquerda do atual Rio Araguari, existia, em 1736, um arraial de nome Tabuleiro. Esse foi arrasado pelos quilombos e reconstruídos pelos mineiros, três léguas mais abaixo, com o nome de Arraial do Rio das Abelhas. Era o Desemboque, assim denominado pelos que vinham das bandas de Minas. Por uma provisão de março de 1766, o governador da Capitania de Goiás erigiu-se em “Julgado de N. Sra. do Desterro das Cabeceiras do Rio das Abelhas”.
Esse julgado compreendia toda a região do atual Triângulo Mineiro e todo o sul de Goiás, menos o julgado de Santa Luzia. E foi já em 1811 com o desenvolvimento da Freguesia de São Domingos do Araxá do Salitre (Patrocínio), que se promoveu o desmembramento do vasto julgado para formar o de São Domingos do Araxá, compreendendo o território da margem direita do Rio das Abelhas até o Paranaíba, reservando para Desemboque o território entre o Rio Grande e o das Abelhas.
Desde 1765, quando D. João Manoel de Melo governava a capitania de Goiás, esboçou-se um movimento para a criação do julgado de Desemboque. O ato tornou-se oficial pela provisão de 2 de março de 1766, dando à nova unidade o nome de “Julgado de N. Sra. do Desterro de nossos novos descobertos das cabeceiras do Rio das Abelhas do Desemboque”. Esse mesmo decreto anexava o novo julgado à Comarca de Vila Boa de Goiás, que tinha o nome de Comarca Novo Sul, compreendendo todo território triangulino.
A mando do governador de Minas, o mestre de campo Inácio Correia Pamplona chegou a esta região em 1765, com 400 homens bem armados e desbaratou a nação dos araxás entre os Rios Quebranzol e das Abelhas. Já a fundação de Desemboque pelos mineiros dava motivos a constantes atritos entre as autoridades de uma e de outra capitania. Ao ser criada a Capitania de Goiás, sendo dispensado do governo de São Paulo D. Luiz Mascarenhas, ordenou-se a Gomes Freire de Andrade a anexação do seu governo a todas as províncias do sul, inclusive Goiás. Mas D. Marco de Noronha sob o reinado de D. João estabeleceu as líades divisórias deixando Goiás com o Estado do Maranhão. É o que reza a provisão de 2 de agosto de 1748, assinada pouco tempo depois da criação da capitania de Goiás, é o documento mais antigo sobre a matéria. Houve um requerimento da Câmara de Tamanduá (depois Itapecerica da Serra), considerando a região como pertencente a Minas, e um pedido da Vila de Uberaba solicitando a criação de uma província, tendo Uberaba por capital (ou Araxá ou ainda Pium-i). A Ordem Regia que estabeleceu as líades divisórias dizia: “[...] Sou servido mandar-vos declarar por Resolução de 7 de maio do presente ano em consulta do meu Conselho Ultramarinho que os confins desse Governo de Goiás hão de ser de parte do sul pelo Rio Grande, e da parte de leste por onde hoje partem os Governos de São Paulo e de Minas Gerais”.
Somente em 1816, no reinado de D. Maria I, foi que o problema tomou aspectos mais positivos. Incorporação do Sertão da Farinha Podre.
Fernando Delgado Freire de Castilho, desejoso de aumentar a receita de sua Capitania, criou o imposto de $ 6,00 por cabeça de gado bovino que fosse exportado. Os habitantes de Araxá discordaram dessa exigência e passaram a pleitear a anexação de toda a região à Capitania de Minas, onde não se cobrava tal imposto. Essa situação criou animosidade e abriu ambiente para uma campanha de maior envergadura.
O Dr. Joaquim Inácio Silveira da Mota era ouvidor de Goiás, veio visitar o julgado de Araxá em 1815. Esse ouvidor era amigo de D. João VI e companheiro de orgias do príncipe D. Pedro. Em Araxá viu passar, a cavalo, acompanhado de pajem, a jovem e bela Ana Jacinta de São José, filha bastarda de D. Maria Bernardo dos Santos, natural de Formiga. O ouvidor que estava nos seus 30 anos mandou raptar a pequena, levá-la para Paracatu do Príncipe, para onde seguiria após a visita ao julgado de Araxá. O escândalo provocou a ira de toda a população, e providências foram pedidas ao Capitão General, ao governador da província, seguindo um portador para a capital goiana a fim de reclamar contra a falta de compostura do ouvidor geral, a quem competia a administração da justiça em toda a Capitania. O governador, que era inimigo de Silveira da Mota, encaminhou a reclamação ao Regente D. João VI, mas esse era amigo pessoal do juiz prevaricador. Enquanto perdurava a protelação do Regente, Silveira da Mota e Ana Jacinta de São José, mais conhecida por Dona Beija, viviam regaladamente em Paracatu. Certo do perigo em que estava de ser processado e devidamente castigado pela falta que cometera, perseguido pelo governador que lhe devotava grande antipatia pessoal, Silveira da Mota serviu-se de seus amigos de Minas e de suas relações com o Regente para solicitar o desmembramento dos julgados de Araxá e Desemboque incorporando-os a Minas Gerais.
Atendendo aos reclamos dos criadores de Araxá e ao influente pedido de Silveira da Mota, D. João VI expediu o alvará de 4 de abril de 1816, transferindo a vasta região triangulina da província de Goiás para Minas Gerais. A vasta região com 94.500 quilômetros quadrados chamava-se Sertão da Farinha Podre, e só veio a se chamar Triângulo Mineiro a partir de 1894.
A região que fica entre o Rio das Velhas (Rio Araguari) e o Rio Dourados, pertenceu ao Julgado de Araxá, que com a freguesia de Desemboque passou, em 1819, à jurisdição de Paracatu, comarca criada em 1815. De maneira que o município de Araguari pertenceu primeiro ao julgado de Araxá e depois ao de Paracatu.
Em 1840, uma lei provincial de 23 de março elevou a vila a povoado de Patrocínio. Em 1845, desmembrou-se de Patrocínio o município de Bagagem, que abrangia as terras dos municípios de Araguari e Indianópolis. E foi no município de Bagagem que, em 1864, a lei nº 1.195, de 6 de agosto, criou o distrito de Ventania, e em 19 de outubro de 1882, a lei provincial nº 2.996 elevou o Arraial de Ventania à vila do Brejo Alegre, criando o município de Brejo Alegre, que constava da Aldeia de Sant’Ana do Rio das Velhas; seus respectivos territórios foram desmembrados do município de Bagagem, ao qual pertenciam. Brejo Alegre judicialmente continuou pertencendo ao termo da Bagagem. O projeto de criação do município foi patrocinado pelo Dr. Olegário Maciel.
Em 31 de março de 1884 deu-se a instalação do município, dando posse à sua primeira Câmara o major Clementino Borges, presidente da Câmara da Bagagem.

CAPÍTULO I
O NASCIMENTO DE ARAGUARI

Os primeiros habitantes de Araguari datam do período em que esta região pertencia a Goiás. A primeira sesmaria foi dada pelo Brigadeiro Fernando Delgado Freire de Castilho, em favor do tenente Antonio Joaquim de Andrade, e foi demarcada pelo sesmeiro Antonio José da Silveira, em terras devolutas do julgado de Araxá, nas margens do Paranaíba, e teve o nome de Bocaina. Traz data de 15 de agosto de 1815. Após demarcações várias nesta região, Antonio Resende Costa, conhecido por Major do Córrego Fundo, doou uma légua de terras no valor de 360$000, para a formação do patrimônio de uma capela sob a invocação do Senhor Bom Jesus da Cana Verde. Essa área ficava compreendida entre as fazendas Verdes, Cachoeirinha, Varginha, Desamparo, Fundão, Retiro e Francelina. A povoação já se formava na margem direita do córrego do Brejo Alegre, ponto de pouso ou de passagem para os que vinham de Sant’Ana de Rio das Velhas para as fazendas que iam se formando ao longo do Rio Paranaíba. A doação data de 1834, e refere-se a 700 alqueires geométricos.
Posteriormente ergueu-se a capela, entrando a igreja na posse e domínio do novo povoado, pertencente a Freguesia de Sant’Ana do Rio das Velhas.
Pelo documento legal da lei nº 1.195, de 6 de agosto de 1864, a Freguesia de Sant’Ana do Rio das Velhas foi transferida para a Capela do Senhor Bom Jesus da Cana Verde, e foi criado o Distrito de Brejo Alegre, integrante do município de Bagagem.
O desenvolvimento do novo distrito foi notável nos anos que se seguiram a transferência de autoridade eclesiástica. Todas as fazendas destas imediações progrediram, a população aumentava, e a localidade adquiria importância da vida política, social e econômica. O intercâmbio entre Brejo Alegre e Sant’Ana do Rio das Velhas mudou apenas o sentido hierárquico, numa inversão   naturalmente compreendida. Bagagem ficava à margem do intenso comércio regional com a faixa fronteiriça do fértil vale do Paranaíba e de São Marcos. Daí o movimento que se levantou, então, visando a obtenção de autonomia política e administrativa para a localidade.

CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO DO BREJO ALEGRE

Em 18 de agosto de 1882 foi apresentado pelo deputado S. Ferraz à Assembléia Legislativa Provincial o projeto da criação do município de Brejo Alegre sendo aprovado e tornado na lei seguinte: Lei nº 2.996, de 19 de outubro de 1882.
O Doutor Teófilo Otoni, presidente da província de Minas Gerais: Faço saber a todos os seus habitantes que a Assembléia Legislativa Provincial decretou, e eu sancionei a Lei seguinte:
Art. 1º É criado o município de Brejo Alegre, composto das freguesias de Brejo Alegre, elevada à categoria de Vila, e de Sant’Ana do Rio das Velhas, desmembradas do município de Bagagem.
Art. 2º Este município pertencerá à comarca do Rio Bagagem, e será instalado depois que seus habitantes tiverem oferecido à Província os edifícios necessários à Cadeia, Casa da Câmara e Escolas para ambos os sexos.
Art. 3º Haverá neste município todos os ofícios de justiça criados em lei.
Art. 4º Revogam-se as disposições em contrário.
Mando, portanto, a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da referida lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir tão inteiramente como nela se contém. O Secretário desta Província a faça imprimir, publicar e correr. Dada no Palácio da Presidência da Província de Minas Gerais, aos dezenove dias do mês de outubro do ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e oitenta e dois, sexagenário primeiro da independência do Império.
Teófilo Otoni
Selada e publicada nesta secretaria em 21 de dezembro de 1882.
Camilo A. Maria de Brito

PROJETO QUE ELEVOU BREJO ALEGRE À CATEGORIA DE CIDADE

Projeto nº 154 (página 208 dos Anais da Assembléia Legislativa Provincial de Minas Gerais – Primeiro ano da Vigésima Sétima Legislatura 1888).
A Assembléia Legislativa Provincial de Minas Gerais decreta:
Artigo único: Fica elevada à categoria de cidade a Vila do Brejo Alegre da Comarca de Bagagem; revogadas as disposições em contrário.
Sala das sessões, 2 de julho de 1888.
Padre Lafaiete de Godoi, Souza Rabelo, Nelson, Augusto Cesar Martins de Andrade, Augusto Caldeira, Chassim Drumont, C. Prates.
Emenda ao projeto nº 154
Onde se diz – à categoria de cidade – acrescente-se com o nome de cidade de Araguari e o mais como se acha redigido.
Sala das sessões, 5 de agosto de 1888.
Severiano de Resende, Navarro.

A CIDADE DE ARAGUARI

A lei nº 3.591, de 28 de agosto de 1888 eleva a vila do Brejo Alegre à categoria de cidade, passando ao nome de Araguari.
O Barão de Camargos, vice-presidente da Província de Minas Gerais:
Faço saber a todos os seus habitantes que a Assembléia Provincial decretou e eu sancionei a lei seguinte:
Art. único: Fica elevada à categoria de cidade a vila do Brejo Alegre, com o nome de Araguari; revogadas as disposições em contrário.
Mando, portanto, a todas as autoridades que a cumpram e façam cumprir tão inteiramente como nela se contém. O secretário desta província a faça imprimir, publicar e correr.
Dada no Palácio do Presidente da Província de Minas Gerais aos vinte e oito dias do mês de agosto do ano do nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e oitenta e oito, sexagenário sétimo da independência do Império.
Barão de Camargos
Selada e publicada nesta secretaria aos 26 de setembro de 1888. Servindo de Secretário: Pedro Queiroga Martins Pereira.
CAPÍTULO II

Na divisão administrativa de 1911, apresentava-se o município de Araguari, composto de três distritos: Araguari, criado por lei provincial nº 1.195, de 6 de agosto de 1864 e por lei estadual nº 2, de 14 de fevereiro de 1891: Santa Rita de Barreiros e Sant’Ana do Rio das Velhas.
Segundo os quadros de apuração do recenciamento geral de 1º de outubro de 1920, o município se compõe dos seguintes distritos: Araguari, Piracaiba e Sant’Ana do Rio das Velhas.
Por força da lei estadual nº 843, de 7 de setembro de 1923, o distrito de Araguari perdeu o território que constituiu o novo distrito de Amanhece, no mesmo município.
De acordo com a citada lei nº 843, ficou o município de Araguari constituído dos distritos de: Araguari, Amanhece, Piracaiba (antigo Santa Rita dos Barreiros) e Sant’Ana do Rio das Velhas.
A divisão administrativa referente ao ano de 1933 apresenta o município de Araguari composto dos seguintes distritos: Araguari, Amanhece, Piracaiba e Sant’Ana do Rio das Velhas, isto é, a mesma formação distrital estabelecida pela lei nº 843 já citada.
De acordo com as divisões territoriais datadas de 31 de dezembro de 1936 e 31 de dezembro de 1937, bem como o quadro anexo ao Decreto-Lei estadual nº 88, de 30 de março de 1938, permanece o município de Araguari com os mesmos quatro distritos existentes em 1933.
Por força do Decreto-Lei estadual nº 148, de 17 de dezembro de 1938, o município perde o distrito de Indianópolis (ex-Sant’Ana do Rio das Velhas) para o novo município de Indianópolis, assim  no quadro fixado pelo referido Decreto-Lei nº 148, para vigorar no quinquenio 1939/1943, o município se compõe dos distritos de: Araguari, Amanhece e Piracaiba. O quadro fixado pelo Decreto-Lei nº 1.058, de 31 de dezembro de 1943, para vigorar no quinquenio de 1944/1948, mantém os três distritos da divisão anterior, ou seja: Araguari, Amanhece e Piracaiba.
A divisão administrativa do Estado, a vigorar no quinquenio 1949/1953, criou o distrito de Florestina, com o desmembramento de parte do território do distrito da cidade de Araguari. Assim passa o município a compor-se, a partir de 1949 de quatro distritos, a saber: Araguari, Amanhece, Piracaiba e Florestina.
Na divisão administrativa em vigor permanece o município com os mesmos quatro distritos existentes até 1953.
De acordo com as divisões territoriais datadas de 31 de dezembro de 1936 e 31 de dezembro de 1937, bem como o quadro anexo ao Decreto-Lei estadual nº 88, de 30 de março de 1938, o município de Araguari compreende o único termo judiciário da comarca de mesmo nome.
Ainda em conformidade com os quadros fixados pelos Decretos-Leis estaduais nos 148, de 17 de dezembro de 1938 e 1.058, de 31 de dezembro de 1943 para vigorarem respectivamente nos quinquenios de 1939/1943 e 1944/1948, o município de Araguari constitui o único termo da Comarca de igual nome, termo esse formado pelos municípios de Araguari e Indianópolis.
E ainda no quadro que vigorou no quinquenio de 1949/1953 e no quadro em vigor, o município de Araguari constitui o único termo da Comarca de igual nome, termo esse formado pelos municípios de Araguari e Indianópolis.

CAPÍTULO III
PRIMEIRA CÂMARA MUNICIPAL DO BREJO ALEGRE

Criada em 1882, no dia 19 de outubro, a vila do Senhor do Bom Jesus da Cana Verde só entrou na posse dos seus direitos de maior idade político-administrativa com a instalação da Câmara no dia 31 de março de 1884. Esta Câmara funcionou até dezembro de 1886.
Foi a vila do Brejo Alegre criada e instalada sob a vigência da Lei Imperial de 1º de outubro de 1828 e sua instalação subordinou-se às exigências da portaria provincial de 9 de outubro de 1883 e do decreto imperial de 13 de agosto de 1881.
Compôs-se a Câmara da Vila de sete vereadores e de um secretário como determina o artigo 1º da Lei Imperial de outubro de 1828, chamado Regimento das Câmaras Municipais do Império, que foi a lei orgânica dos municípios até 1891.
Cópia da ata da instalação solene da 1ª Câmara Municipal de Araguari (conservando-se a ortografia e redação do original):
“Acta da instalação da Câmara Municipal do novo município do Brejo Alegre – Aos trinta e um dias do mês de março do ano do nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo, no Paço da Câmara Municipal, sendo às onze horas da manhã, comparecendo acompanhado de grande número de cidadãos o cidadão Clementino Martins Borges, Presidente da Câmara Municipal da cidade de Bagagem, comigo Candido Maximiano Rodrigues, secretário da mesma, para efeito de dar posse e deferir juramento aos vereadores eleitos da Câmara Municipal desta nova vila, cujo território foi desmembrado daquele de Bagagem sendo suas divisas as mesmas que, demarcadas para esta Parochia e a de Sant’Ana do Rio das Velhas, vão entestar com a Parochia de N. Sra. Mãe dos Homens da Bagagem e a de N. Sra. da Abadia de Água Suja. Tomando o dito Presidente assento no topo da mesa a ocupando o secretário o lugar respectivo, declarou o Presidente que, tendo sido esta Parochia elevada à categoria de Villa por lei provincial nº 2.996, de 19 de outubro de 1882, compreendendo a Parochia de Sant’Ana do Rio das Velhas, e que tendo se procedido a eleição dos vereadores que tem de compor a Câmara desta nova Villa, de conformidade com a portaria do Exmo. Presidente datada de 9 de outubro de 1883, e depois de decorrido o prazo prescrito no art. 216 § 1º do Decreto nº 8.213, de 13 de agosto de 1881, foi pela Câmara Municipal de Bagagem, designado o dia de hoje para ser dada a referida posse, sendo este o motivo de sua presença neste lugar; e achando-se sobre a mesa a acta e mais papéis donde consta quais os vereadores eleitos para esta nova Câmara, passou o Presidente a convidá-los a prestarem juramento e tomarem posse de seus cargos. Em seguida, sendo introduzidos no recinto com as formalidades de estilo, os vereadores novamente eleitos, os quais se achavam na sala imediata, quais os cidadãos Ernesto de Paula Vieira, José Neis da Cunha, João Rodrigues Peixoto Sobrinho, José Peixoto Carrijo, os quais apresentarão seus diplomas, pelo que o Presidente deferiu-lhes o juramento em um livro dos Santos Evangelhos no qual colocarão sua mão direita e jurarão cada um por sua vez de bem e fielmente desempenhar as obrigações do referido cargo. O Presidente depois de ter feito uma pequena allocução saudando a nova Câmara, declarou instalado o município. Do que para constar mandou-se lavrar esta acta em a qual se assigna com os vereadores novam, e juramentados e eu, Candido Maximiano Rodrigues, Secretário da Câmara Municipal da cidade de Bagagem a escrevi”.
aa) Clementino Martins Borges, José Roiz da Cunha, Justino Monteiro de Araujo, João Roiz Peixoto, Joaquim Caetano Alves, Elias Roiz Peixoto Carrijo, Ernesto de Paula Vieira.

Ata da sessão da Câmara municipal da Vila do Brejo Alegre para eleição de presidente e vice-presidente.
“Aos trinta e um dias do mês de março do ano do nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e oitenta e quatro, nesta vila do Brejo Alegre, Comarca de Monte Alegre, atualmente Comarca de Bagagem, no Paço da Câmara Municipal, às doze horas do dia, presentes os Srs. José Roiz da Cunha, como presidente e os demais vereadores quais cidadãos Ernesto de Paula Vieira, Joaquim Caetano Alves, João Roiz Peixoto Sobrinho, José Peixoto Carrijo, Justino Monteiro de Araujo e Elias Roiz Peixoto Carrijo. Achando-se toda a câmara reunida abre-se a sessão O Sr. Presidente interino declarou que se achava ocupando aquela cadeira por ser convite do presidente da Câmara Municipal de Bagagem, no ato de conferir a posse a esta câmara. Em seguida declarou o mesmo Sr. Presidente que sendo esta a primeira sessão desta câmara era mister que se procedesse a eleição de presidente e vice-presidente e convidou os senhores vereadores para conjuntamente com ele apresentarem suas cédulas para a eleição do Presidente, o que foi feito e deu o seguinte resultado: José Rodrigues da Cunha 6 votos – Justino Monteiro de Araujo 1 voto, ficando desta forma eleito presidente o mesmo Sr. José Rodrigues da Cunha que ficou ocupando a mesma cadeira. Passando-se a eleição do vice-presidente e tendo os senhores vereadores apresentado suas cédulas e apuradas estas deu o seguinte resultado: Elias Roiz Peixoto Sobrinho 2 votos – Justino Monteiro de Araujo 2 votos. Não tendo havido maioria absoluta de votos, decidiu-se pela sorte, sendo submetidos a segundo escrutínio os nomes dos vereadores João Roiz Peixoto Sobrinho, que obteve 3 votos, Elias Roiz Peixoto Sobrinho, um voto tendo sido dado um  voto a Justino Monteiro de Araujo, e tendo aparecido duas cédulas em branco, pelo que o Sr. Presidente declarou eleito vice-presidente o vereador João Roiz Peixoto Sobrinho, achando-se assim concluídos os trabalhos da eleição do presidente e vice-presidente o Sr. Vereador Alves indicou o cidadão Querubino Torbino dos Santos para o cargo de secretário desta câmara e o vereador Paulo Vieira indicou o cidadão Isac Duque de Medeiros Rosa para o cargo de Procurador desta câmara, o que foi unanimemente aprovado. Indicações convidando-se os propostos para prestarem juramento e tomar posse dos referidos cargos. E por se achar a hora adiantada o Sr. presidente levantou a sessão marcando o dia 14 de abril para se prosseguir nas sessões ordinárias. Do que para constar lavrei esta ata que vai assinada por todos os membros presentes e por mim Ernesto de Paula Vieira, vereador da câmara, servindo de secretário que a escrevi”.
aa) João Roiz da Cunha, João Roiz Peixoto Sobrinho, Justino Monteiro de Araujo, Elias Roiz Peixoto Carrijo, Joaquim Caetano Alves, José Peito Carrijo, Ernesto de Paula Vieira.


CAPÍTULO IV
CRIAÇÃO DA COMARCA DE ARAGUARI

            Decreto nº 255, de 28 de novembro de 1890.
            Cria as Comarcas de Inhaúma, de Abre Campo, de Ferros e de Araguari.
            O Doutor Governador do Estado de Minas Gerais, tendo em vista a proposta da repartição de estatísticas, adaptada de ontem e usando da atribuição conferida no Decreto nº 7, de 20 de novembro de 1889, DECRETA:
            Art. 1º Ficam criadas as seguintes comarcas:
            § 4º de Araguari, composta do termo deste nome e do de São Pedro de Uberabinha desmembrado este da de Uberaba, e aquele da de Monte Alegre.
Art. 2º Revogam-se as disposições em contrário.
Palácio do Governo em Ouro Preto, 28 de novembro de 1890.
Crispim Jaques Bias Fortes.
A Comarca de Araguari foi criada pela lei acima exposta, e a 27 de dezembro do mesmo ano foi considerada de 1ª entrância, sendo nomeado, seu primeiro Juiz de Direito o Dr. Antônio da Trindade Antunes Meira.
Em 1903 por motivos de questões políticas e religiosas, entre o padre Aurélio e o Juiz de Direito Dr. Nelson Tobias de Melo foi suprimida a comarca de Araguari para a jurisdição de São Pedro de Uberabinha, hoje Uberlândia. O Dr. Nelson Tobias de Melo foi removido por ato presidencial de 28 de março de 1904, e deixou o exercício de seu cargo em 3 de abril de 1904.
Em 1917, 14 anos depois, no governo estadual do Dr. Delfim Moreira foi restabelecida a comarca de Araguari, sendo nomeado o Dr. Julio Ribeiro Gorgulho que reinstalou a comarca.
Em 1925, pela Lei nº 912 sob a jurisdição do Juiz Dr. Benício de Paiva, foi a comarca elevada à 2ª entrância. Pelo Decreto-Lei estadual nº 667, de 4 de março de 1940, a comarca de Araguari é elevada à 3ª entrância, sob a jurisdição do Juiz de Direito Dr. Merolino Raimundo de Lima Corrêa, que aqui permaneceu como chefe do judiciário de março de 1938 a março de 1944.
A comarca continua na 3ª entrância, desdobrada em duas varas cíveis, sendo a 1ª sob jurisdição do Dr. Walter de Luna Carneiro e a 2ª pelo Dr. Rui Borges de Carvalho, que desempenham seus cargos com eficiência e brilhantismo, abrilhantando a comarca com as luzes de sua cultura jurídica.
Ao lado dos juízes esteve na promotoria durante 25 anos em Araguari o Dr. João Nascimento Godoi, prestando relevantes serviços à nossa comunidade. Atualmente ocupa o cargo de Promotor de Justiça o Dr. Américo Caixeta Santana.
Canta Araguari com os seguintes serventuários auxiliares da Justiça: no cartório do 1º ofício o Sr. Joaquim Magalhães Filho; no 2º ofício Dr. Renan Bitencourt; no 3º oficio Sr. Dickson Machado; escrivão do crime, Geraldo Costa; do Registro civil, Sra. Beladina Pereira de Melo; no cartório distribuidor particular, Sra. Terezinha Maldonado.


CAPÍTULO V
ARAGUARI E SEUS ADMINISTRADORES

No período Imperial:
Cel. José Rodrigues da Cunha
José Rodrigues Alves
Manoel Vieira de Resende
Padre João Carneiro de Castro
Prefeitos:
Major Aurélio Antonio de Oliveira – 2/09/1896 a 23/06/1900
Olimpio Ferreira dos Santos – 24/06/1900 a 25/01/1902
Nicolau Elias – 26/01/1903 a 2/10/1903
Olimpio Ferreira dos Santos – 3/10/1903 a 9/01/1912
Olintho Veloso – 10/01/1912 a 30/07/1912
Olimpio Ferreira dos Santos – 28/01/1912 a 30/07/1912
José Ferreira Alves – 1º/08/1912 a 1º/09/1912
Olimpio Ferreira dos Santos – 2/09/1912 a 18/01/1916
Adalardo Alberto Pereira da Cunha – 19/01/1916 a 12/05/1917
Marciano Santos – 13/05/1917 a 27/07/1917
Adalardo Alberto Pereira da Cunha – 4/08/1917 a 3/11/1922
Marciano Santos – 12/01/1923 a 20/03/1924
Filadelfo de Lima – 19/07/1924 a 5/08/1924
Marciano Santos – 20/08/1924 a 5/06/1927
Belchior de Godoy – 6/07/1927 a 21/09/1927
Marciano Santos – 22/09/1927 a 3/10/1929
Belchior de Godoy – 4/10/1929 a 25/11/1930
Mario da Silva Pereira – 10/12/1930 a 18/04/1932
Carlos Antonio de Andrade – 19/04/1932 a 11/05/1932
Mario da Silva Pereira – 12/05/1932 a 2/09/1933
Delermano Cardoso – 12/05/1933 a 22/09/1933
José Ferreira Alves – 25/10/1933 a 25/11/1933
Delermano Cardoso – 14/12/1933 a 21/09/1934
José Jehovah Santos – 1º/10/1934 a 1º/02/1935
Hortencio Machado – 2/02/1935 a 18/03/1935
José Jehovah Santos – 19/03/1935 a 23/03/1936
Hortencio Machado – 24/03/1936 a 1º/08/1936
José Jehovah Santos – 2/08/1936 a 15/06/1945
Jaime Veloso Meinberg – 30/06/1945 a 19/11/1945
Edmundo Augusto Linz – 27/11/1945 a 9/02/1946
Jaime Veloso Meinberg – 16/02/1946 a 26/06/1946
Elmiro Barbosa – 27/06/1946 a 31/12/1946
José Antonio Saraiva – 16/01/1947 a 9/04/1947
Elmiro Barbosa – 16/04/1947 a 20/12/1947
Oswaldo Pieruccetti – 29/12/1947 a 27/02/1949
Elpidio Viana Canabrava – 28/02/1949 a 8/03/1949
Oswaldo Pieruccetti – 9/03/1949 a 30/10/1950
Theodolino Pereira de Araujo – 1º/11/1950 a 31/01/1951
Dr. Adalcindo de Amorim – 1º/02/1951 a 31/01/1959
Eduardo Rodrigues da Cunha Neto – 1º/02/1955 a 31/01/1959
José Jehovah Santos – 31/01/1959 a 31/01/1963
Miguel Domingos de Oliveira – 31/01/1963 a 31/01/1967
Fausto Fernandes de Melo – 31/01/1967 a ...

PRINCIPAIS LEIS

Aurélio de Oliveira:
Lei nº 24, de 26 de agosto de 1896. Autoriza o Presidente da Câmara e Agente Executivo Municipal a contrair um empréstimo de 4.000$000 para recorrer as despesas com a inauguração da Mogiana nesta cidade.
Lei nº 28, de 22 de maio de 1897. Manda construir um matadouro público provisório, dispendendo a quantia de 2.000$000 com a construção.
Lei nº 54, de 17 de janeiro de 1898. Abre um empréstimo de 50.000$000 para a construção de ruas, casas para escolas municipais, matadouro, mercado, cemitério e pontes.
Nicolau Elias:
Lei nº 101, de 26 de janeiro de 1903. Estabelece o regulamento do mercado municipal.
Olympio Ferreira dos Santos:
Lei nº 133, de 8 de agosto de 1908. Concede privilégio por 25 anos aos proponentes Augusto de Lima e Francisco Sócrates de Sá para instalação de força e luz elétrica e abastecimento desta cidade.
Lei nº 145, de 15 de abril de 1910. Concede o privilégio por 25 anos aos Srs. Cônego Amorim e Lázaro para explorarem o serviço telefônico no município.
Adalardo Alberto Pereira da Cunha:
Lei nº 225, de 19 de julho de 1920. Que põe em concorrência o serviço de abastecimento de água potável à população desta cidade.
Lei nº 232, de 24 de maio de 1921. Autoriza a convidar o Engenheiro do Estado e uma comissão da Câmara para a escolha do local onde fará a construção do grupo.
Lei nº 234, de 21 de setembro de 1921. Autoriza a criação de um mercado nesta cidade.
Lei nº 237, de 23 de janeiro de 1922. Autoriza a contratar com o Governo do Estado um empréstimo até a importância máxima de 600.000$000 para o fim de fazer o abastecimento de água e início da rede de esgoto da cidade.
Marciano Santos:
Lei nº 337, de 16 de novembro de 1924. Estabelece as condições para a concessão do privilégio de exploração do serviço de telefones no município de Araguari.
Lei nº 266, de 25 de julho de 1923. Autoriza a construção de um jardim na Praça Francisco Salles (Manoel Bonito).
Lei nº 372, de 23 de janeiro de 1926. Autoriza a adquirir o quarteirão compreendido entre a Praça Francisco Salles, o Beco São Bento e as Ruas Liberdade e Rio Branco, nesta cidade, para construir um prédio destinado à sede da municipalidade e outro, edificado pelo governo do Estado, em que deva funcionar o Fórum.
Filadelfo de Lima:
Lei nº 303, de 28 de julho de 1924. Fica criada a Guarda Civil, destinada a velar preventiva e repressivamente pela manutenção da ordem pública do município.
Belchior de Godoy:
Lei nº 413, de 2 de agosto de 1927. Autoriza o Sr. Agente Executivo a adquirir no município de Araguari, doando-o ao Governo do Estado um terreno de dez a quinze alqueires, para ser construído o Leprosário Regional Triângulo Mineiro.
Mario da Silva Pereira:
Decreto nº 600, de 29 de agosto de 1932. Autoriza a abertura de uma avenida marginal ao leito do córrego que atravessa esta cidade e contém outras disposições.
José Jehovah Santos:
Lei nº 10, de 1º de fevereiro de 1937. Autoriza o Sr. Prefeito municipal a mandar executar o calçamento da Ruas Rui Barbosa e Marciano Santos e Avenida Tiradentes.
Lei nº 18, de 17 de fevereiro de 137. Cria 14 escolas rurais mistas.
Lei nº 51, de 12 de janeiro de 1942. Autoriza a construção de um reservatório de água na sede do município.
Oswaldo Pieruccetti:
Lei nº 32, de 4 de maio de 1948. Cria a feira livre.
Lei nº 42, de 30 de julho de 1948. Abre crédito especial para execução de obras de abastecimento de agua na cidade.
Lei nº 143, de 3 de maio de 1950. Institui a Biblioteca Pública Municipal.
Lei nº 150, de 10 de julho de 1950. Cria a seção de estradas de rodagem da Prefeitura Municipal.
Adalcindo de Amorim:
Lei nº 257, de 31 de dezembro de 1953. Dispõe sobre a anexação da Biblioteca Pública Municipal à Biblioteca Pio XII e estabelece outras medidas.
Lei nº 263, de 26 de março de 1954. Autoriza a exploração mediante concorrência pública, dos serviços de transportes coletivos na cidade e outorga favores.
Eduardo Rodrigues da Cunha Neto:
Lei nº 334, de 14 de junho de 1955. Dispõe sobre pavimentação, meios-fios, sarjetas, passeios, arborização e taxa de conservação.
Lei nº 342, de 26 de agosto de 1955. Autoriza a construção do prédio para a escola-padrão rural no distrito de Piracaiba.
Lei nº 397, de 14 de junho de 1956. Dispõe sobre a construção e exploração mediante concorrência pública de uma estação rodoviária.
Lei nº 424, de 22 de outubro de 1956. Autoriza a doação do terreno ao Estado de Minas Gerais, para a construção da escola-padrão rural no distrito de Florestina.
José Jehovah Santos:
Lei nº 632, de 26 de janeiro de 1959. Autoriza a municipalidade a fazer doação de terreno ao concessionário da estação rodoviária.
Lei nº 642, de 23 de junho de 1959. Concede título de cidadã benemérita à D. Eunice Weaver.
Lei nº 659, de 30 de setembro de 1959. Dispõe sobre doação de terreno para construção do edifício do Fórum.
Miguel Domingos de Oliveira:
Lei nº 900. Autoriza perfuração de poço artesiano e abre crédito especial.
Lei nº 933, de 6 de dezembro de 1963. Institui o código tributário de Araguari do Estado de Minas Gerais e dá outras providências.
Lei nº 1.055, de 26 de novembro de 1964. Dispõe sobre a construção de galerias pluviais.
Fausto Fernandes de Melo:
Lei nº 1.244, de 22 de junho de 1967. Cria a Biblioteca Pública Municipal e o cargo de Bibliotecário.
Lei nº 1.252, de 22 de agosto de 1967. Institui o dia da cidade e dá outras providências.
Lei nº 1.309, de 4 de dezembro de 1967. Dispõe sobre a construção e ampliação do cemitério.
Lei nº 1.325, de 23 de abril de 1968. Autoriza a exploração de transportes coletivos urbanos mediante concorrência pública e dá outras providências.


CAPÍTULO VI
GEOGRAFIA E DEMOGRAFIA

Localização do Município: O município de Araguari está situado na zona do Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro, Estado de Minas Gerais.

Extensão: Sua área é de 2.788 quilômetros quadrados. 0,47% sobre a área do Estado.

Coordenadas geográficas da cidade: Segundo dados do D.E.E de Minas, são as seguintes: 18º 38’ 30’’ de altitude sul; 48º 11’ 18’’ de longitude oeste; Posição da cidade relativamente à capital do Estado: rumo – O.N.U; distância em linha reta, 472 quilômetros. Altitude 930 metros.

Regiões naturais: Limita-se ao norte com os municípios goianos de Corumbaíba, Anhanguera e Estrela do Sul; ao sul com os municípios mineiros de Indianópolis e Uberlândia; a oeste com os municípios mineiros de Tupaciguara e Uberlândia.

Clima: Temperatura mínima 8 ºC, máxima 33 ºC; média das mínimas 18 ºC; média das máximas 28 ºC. Predominância dos ventos, com base em levantamentos de 1961, 45,0 – 70,0 – 90,0 – variação 20,0.

Hidrografia: Araguari é banhada pelos seguintes rios: Paranaíba, que nasce na Serra da Mata da Corda e percorre 156 quilômetros como divisa do município de Araguari, onde nascem os seguintes afluentes: Piracanjuba, Araras, Mata Bois, Jordão, Pirapitinga e Ribeirão de Piracaiba, todos no distrito de Piracaiba; e mais o Limoeiro, que nasce no distrito de Florestina. Rio Araguari nasce na Serra da Canastra, percorre 210 quilômetros como divisa do município. É afluente do Rio Paranaíba e dirige-se para o sudoeste. São seus afluentes: Quebra Anzol e Mandaguari de maiores dimensões outros menores: Santo Antônio, Fundão, Cachoeirinha, Tabocas e Ponte Alta, nascidos no distrito da Sede.

Orografia: Serra da Bocaina, com 1.060 metros, no distrito de Amanhece; Serra da Saudade, com 1.020 metros, no distrito de Amanhece; Serra do Pau Furado, com 1.000 metros, no distrito da Sede; Serra da Piracaiba, com 1.050 metros no distrito de Piracaiba.
Gruta – da Loca, no Ribeirão do Piçarrão, distrito da Sede, com superfície calculada em mais de 100 metros quadrados.
Picos – Leão, no distrito de Piracaiba, com 1.050 metros; Araras, no distrito da Sede, com 1.000 metros; Morro da Mesa, no distrito de Amanhece, com 1.050 metros.

População: Estimativa atual: 90.000 habitantes, sendo: 55.000 na cidade e 35.000 na zona rural.

CAPÍTULO VII
DISTRITO E POVOADOS

Araguari – Distrito-sede, conta com aproximadamente 12.500 prédios residenciais, comerciais e industriais, na zona urbana e suburbana; possui uma Faculdade de Filosofia, Colégio Estadual e mais de 6 estabelecimentos de ensino médio com cursos normal, clássico, científico, contabilidade, comercial básico e ginasial, escola técnica de orientação familiar, escola profissional federal; possui 12 grupos escolares estaduais, 3 escolas municipais e 6 externatos particulares. É cidade moderna, bem traçada, aberta ao progresso, nela encontrando-se todos os setores, como saúde, educação, esportes, meios de comunicação e transportes.
Amanhece – Dista da cidade 15 quilômetros. Possui 160 prédios, grupo escolar estadual; possui 1 templo católico; moram na sede cerca de 700 pessoas e na zona rural do distrito uns 3.600 habitantes. Possui jazidas de cal, na Bocaina explorada através de 6 pequenas indústrias, conta com 1 olaria, 2 máquinas de beneficiar arroz, 1 indústria de laticínios e mais de 8 estabelecimentos comerciais.
Florestina – Dista da cidade 38 quilômetros; possui 78 prédios, 1 escola agrupada, de orientação estadual, 1 capela; a sede conta com 185 habitantes, na zona rural do distrito cerca de 2.000; possui 1 estabelecimento comercial.
Piracaiba – Dista da cidade 38 quilômetros; possui 80 prédios, 1 escola agrupada estadual, capela católica e presbiteriana; na sede há uns 360 habitantes e na zona rural 3.780; dispõe de 3 estabelecimentos comerciais.
Ararapira – Povoado que pertence ao distrito de Amanhece, dista da cidade 28 quilômetros; conta com 250 moradores, 48 prédios, 3 estabelecimentos comerciais, 1 templo católico, 2 estabelecimentos comerciais, 160 habitantes.
Barracão – Pertence ao distrito de Piracaiba, dista da cidade 78 quilômetros; possui 13 moradias, 85 habitantes, 1 escola municipal, 1 estabelecimento comercial.
Alto de São João – Pertence ao distrito da sede de onde dista 15 quilômetros; conta com 26 prédios, 160 habitantes, 1 escola primária estadual, um templo católico, 2 estabelecimentos comerciais.
Campos Redondos – Pertence ao distrito de Florestina, dista de Araguari 46 quilômetros; possui 25 residências, 155 habitantes, 1 templo católico, 1 estabelecimento comercial, 1 escola municipal.
Estiva – Pertence ao distrito-sede, da qual dista 30 quilômetros; possui 24 moradias, conta com 155 habitantes, 1 estabelecimento comercial.
Stevenson – Pertence ao distrito-sede, da qual dista 10 quilômetros; possui 13 prédios, conta com 80 habitantes, 1 templo católico, 1 escola municipal.
Preá – Pertence ao distrito-sede da qual dista 15 quilômetros; possui 15 moradias, 75 habitantes e 1 estabelecimento comercial.
Santo Antonio – Pertence ao distrito-sede da qual dista 30 quilômetros; possui 33 moradias, 180 habitantes, 1 templo católico, 1 estabelecimento comercial e 2 escolas municipais.
Ponte Quinca Mariano – Pertence ao distrito de Piracaiba e dista de Araguari 72 quilômetros; possui 10 prédios, 58 habitantes e 1 estabelecimento comercial.

LETRAS E ARTES

Figuram entre os notáveis de Araguari:
Jornalistas: Tertuliano Goulart, Antônio Nunes de Carvalho, Josias Batista Leite, João Lourenço Filho, Polonio Tabosa, Pe. Lafaiete de Godoi, Odorico Costa, Elfrida Goulart, Pascoal Luiz Pitta, Lutero Vieira, Mozart de Lima, Fernando P. Lima, Felicio de Lucia Neto, Dr. Hélio Vaz, João Nascimento Godoi, Luiz Confúcio da Cunha Bastos, Patrocinio Valverde de Morais, Odilon Paes de Almeida, Antonio Marques, Helon Gomide, Ascedino Celestino da Silva, Gelmires Reis, Pe. Nilo Tabuquine e outros.
Escritores: Geraldo França, Dr. João Alami Filho, Fernando P. Lima.
Poetas: Estácio de Oliveira, Eurico Veloso de Carvalho, Hermenegildo Marques, Abdala Mameri, Dinorah Pacca, Jeová Bitencourt e outros.
Músicos: Maestro Vitor, Odete Alami, Maria R. Aciolli, Ana Maria, Aparecida de Castro, Ronaldo Vilela, Lucy Vilela, Claudio Vidal, Sueli Coelho, Luiz Bastos, Ronaldo Nocera, Ermenegildo Marques, Junia H. Vieira de Lima e outros.
Compositores: Joanico Lourenço, Josias Batista Leite, José Perfeito, Franklin de Almeida, Filhinho.
Teatro: Dr. Barros Pimentel, Josias Batista Leite, Wady Daher, Paulo Goulart e outros.
Pintores: Farnese Andrade, Arminda de Oliveira Santos, Aurea de Oliveira Santos, Newton Carisio, Ubirajara Coutinho, Joanico e outros.

DESTAQUE
ESTÁCIO DE OLIVEIRA

Nascido em 19 de agosto de 1924, cursou até o 3º ano primário. Aleijado, foi incapaz de exercer qualquer serviço braçal, mesmo assim, era ajudante de jardineiro e nos outros misteres labutou na conserva do logradouro araguarino.
Estácio de Oliveira faleceu em 23 de maio de 1950. Desde a infância manifestou grande desejo de publicar um livro que teria por título “Meus Versos”. Este poeta araguarino teve único pensamento que se condensava à medida que ele se aproximava da morte, pedindo aos pais: “Chamem algum entendido na matéria, mandem examinar o meu livro de versos e o publiquem se ele o merecer”. Somente agora depois de 20 anos de sua morte é que se preparar através da Academia de Letras de Araguari sua publicação.

EDUCAÇÃO

As escolas de Araguari começaram a surgir logo nos primeiros dias de sua fundação. A primeira de que se tem notícia foi fundada pelo Prof. Oliveira, a Praça do Rosário.
O primeiro colégio organizado em Araguari foi o Colégio Renascença. Seu fundador, diretor e proprietário foi o Prof. Rev. Miguel Rizzo Júnior. Lecionavam neste colégio, entre outros, suas irmãs professoras D. Algemira e D. Paula Rizzo.
Os professores, Dr. Jovito e Francisco Fruginelle fundaram o Ginásio Araguarino, com internato e externato. Esse educandário funcionou no prédio do antigo Cine Eden, à Rua Dr. Afrânio, transferindo-se para a Rua Boa Vista (hoje Av. Joaquim Anibal). Tivemos ainda o Colégio N. Sra. Aparecida, do Prof. Virgilio Alves e Filhas. Em 1893 foi fundada a Escola Evangélica sob a direção de Mrs. Cowan. Pelo Decreto nº 2.297, de 17 de novembro de 1908, foi criado o Grupo Escolar da Cidade de Araguari e pelo Decreto de 1927 no governo de Antonio Carlos, o primeiro Grupo tomou o nome de Raul Soares e foi criado o Grupo Escolar Visconde de Ouro Preto.
O Prof. Alfeu Medeiros fundou e dirigiu uma escola de comércio em Araguari. Apenas uma turma de contadores dela saiu.
Em 1919 funda-se em Araguari o Colégio Sagrado Coração de Jesus.
Em 1926 o Prof. Moacir Fantine funda a Escola Técnica de Comércio Machado de Assis, e em 1949 cria anexo o Ginásio D. Vital.
Atualmente Araguari conta com 22 escolas primárias na cidade; 49 na zona rural e 6 escolas primárias particulares; 5 estabelecimentos de ensino secundário com os cursos: Comercial básico, Ginasial, Clássico, Científico, Normal, Técnico Comercial; 1 Escola Profissional Federal, 1 Escola Técnica de Educação Familiar; e Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras com os cursos de Letras, Geografia, História e Pedagogia.

RELIGIÃO

Catolicismo: A paróquia o Senhor Bom Jesus da Cana Verde, criada nos idos de 1840, com sede na então Sant’Ana do Rio das Velhas, atual Indianópolis, teve pelo Bispo de Sant’Ana de Goiás, a cuja diocese pertencia toda esta área triangulina, no ano de 1864, a sede transladada para a Vila do Brejo Alegre.
Passaram-se os anos em torno da matriz, foram se desenvolvendo os arruamentos do que se tornou um quarto de século após, a cidade de Araguari, cuja paróquia passou a ser denominada de Senhor Bom Jesus da Cana Verde de Araguari.
Araguari, como a maioria das cidades brasileiras, nasceu sob a égide da Igreja Católica. É impossível escrever a história de nosso município sem se referir à ação que a Igreja desempenhou através dos tempos.
Dirigiram os destinos espirituais

Vigários
1 Pe. Saturnino Dantas Barbosa, natural de Paracatu.
2 Pe. Carneiro de Castro, de São João d’El Rei, de 12/01/1870 a 19/12/1877.
3 Pe. José da Silva Camargo, não tomou posse.
4 Pe. João Carneiro de Castro, de 29/12/1878 a 20/06/1881, tornado ainda em 17/07/1882, sendo vigário ao mesmo tempo de Monte Alegre.
5 Cônego Francisco Inacio de Sousa, poucos meses.
6 Pe. Zeferino de Abreu Rangel, de 1896 a 1897.
7 Cônego Aurelio Elias de Souza, natural de Uberaba, de 1897 a 1905.
8 Pe. Augusto Teodoro da Rocha Mais, de 1905 a 1906.
9 Pe. Joaquim Augusto de Sousa Amorim, de 10/07/1906 a 1912.
10 Pe. Manoel Fleury Curado, de 1912 a 1919.
11 Pe. Laureano Peixoto, de 1919 a 1920.
12 Cônego Pedro Pezzuti, de 1º/01/1921 a 28/12/1925.
13 Cônego Ramiro de Campos Meireles, de 28/12/1925 a 25/02/1928.
14 Cônego Cesar Borges Pereira, de 25/02/1928 a 22/12/1929.
15 Monsenhor João Felipe, de 22/12/1929 a 5/01/1932.
16 Cônego Pedro Pezzuti, de 4/01/1932 a 1º/07/1932.
17 Pe. Sebastião Luiz de Araujo Gomes, de 1932 a 1933.
18 Pe. Avelino dos Santos Ribeiro, de 1933 a 1934.
19 Pe. Paulo Hoefnalgels, sscc, como substituto, de 25/05/1934 a 29/06/1934.
20 Pe. Alaor Porfiro de Azevedo, de 29/06/1934 a 8/1935.
21 Pe. Paulo Hoefnalgels, sscc, como substituto, de 8/1935 a 1º/10/1935.
22 Pe. Waldemar Luiz de Resende, de 1º/10/1935 a 29/06/1937.
23 Pe. Clemente Baltus, sscc, de 29/06/1937.
24 Pe. Eloy Kee, sscc, desde 21/02/1938.
25 Pe. Ambrosio Smith.
26 Pe. Willbroad Meeder, substituto.
27 Pe. Cristiano Peek, substituto.
28 Pe. Ambrosio Smith.
29 Pe. Jeronimo Roozen.
30 Monsenhor Manoel Fleury Curado.
31 Pe. Antonio Resende.
32 Pe. Nilo Tabuquine, 26/01/1964, como coadjutor (recém-formado).
33 Pe. Antonio Resende.
34 Cônego Nilo Tabuquini desde 1955 até hoje.

Paróquia de N. Sra. de Fátima: Desmembrada da Paróquia do Senhor Bom Jesus da Cana Verde em fevereiro de 1949, tendo sido escolhido para vigário o Monsenhor Fleury Curado. Hoje se encontra sob a orientação dos padres franciscanos.

Igreja Presbiteriana de Araguari: Em princípios do mês de julho de 1884, chegou a este lugar (então Brejo Alegre) o Rev. João Boyle e no dia 13 do mesmo mês recebeu por profissão de fé as seis primeiras pessoas que foram a semente do presbiterianismo araguarino.
[...] de agosto de 1895, pela comissão designada pelo Presbitério de Minas, composta dos seguintes membros: Rev. Alvaro Reis, Rev. Caetano Nogueira Júnior e Presbítero Lourenço Moreira de Almeida. Nessa ocasião foram arrolados 26 membros recebidos por profissão de fé pelo Rev. Boyle e Rev. Franklin Cowan. O Presbítero Américo Goulart e o Diácono José Coelho da Cunha foram seus primeiros oficiais.
Foram seus pastores até o presente:
1 Rev. Alvaro Reis, de 1893 a 1896.
2 Rev. Charles Morton, de 1896 a 1899.
3 Rev. Alfredo Teixeira, de 1901 a 1902.
4 Rev. Flamínio Rodrigues, 1905.
5 Rev. Roberto See, 1905.
6 Rev. Roberto D. Daffin, de 1906 a 1907.
7 Rev. Francisco Palmiro Rugger, de 1907 a 1911.
8 Rev. André Jesen, 1912.
9 Rev. Miguel Rizzo Júnior, de 1913 a 1914.
10 Rev. Galdino Moreira, 1915.
11 Rev. Teodomiro Emerique, de 1915 a 1921.
12 Rev. Alberto Zanon, de 1921 a 1926.
13 Rev. Jorge Hurst, de 1926 a 1927.
14 Rev. Jaime Hoodson, de 1928 a 1930.
15 Rev. Jorge Hurst, de 1930 a 1931.
16 Rev. Davi Lee Willianson, de 1931 a 1935.
17 Rev. Antonio Nunes de Carvalho, de 1935 a 1936.
18 Rev. Davi Lee Willianson, de 1937 a 1942.
19 Rev. Pascoal Luiz Pitta, de 1945 a 1965.
20 Rev. Noé Wey, de 1945 a 1965.
21 Rev. Nelson de Paula Armando Bonilha, de 1966 a 1968.
Atualmente a Igreja está sob a direção do eficiente e consagrado Pastor Rev. Abimael Etz Rodrigues.

Igreja Batista de Araguari: Foi em fins de 1923 que chegou em Araguari o missionário batista Salomão Luiz Guinsburg. Continuou no trabalho até 26 de abril de 1925, data em que foi organizada a 1ª Igreja.
Sua organização foi feita com 25 membros em uma casa à Praça David Campista de onde se mudou logo para sua casa própria à Rua da Glória.
Atualmente o novo templo é situado na Praça da Constituição e o seu pastor atual é o Rev. Alfon Krucles.
Existe em Araguari outras denominações evangélicas, tais como: 2ª Igreja Batista da Vila Goiás, Igreja Pentecostal Assembleia de Deus, Igreja Adventista, Igreja dos Testemunhas de Jeovah, Igreja de Deus e outras.

Espiritismo: Nos meados de 1920 foi fundado nesta cidade o Centro Espírita Fé, Amor e Caridade, pelo Sr. Pedro Moreira. Em 1924 fundou-se o Centro Espírita Caridade pelos Srs. Jerôncio Teixeira, Abilio Ferreira, Aldeonoff Póvoa. Em 1930 foi inaugurado o Centro Jardim da Luz. Existe atualmente em Araguari cerca de 20 centros espíritas.

ENTIDADES DE CLASSES E CLUBES DE SERVIÇO

Maçonaria: Desde o último decênio do século passado, Araguari possuía sua loja maçônica. Em 1890 instalou-se nesta cidade a Loja Maçônica Filantropia e Trabalho, sob os auspícios de Grande Oriente do Brasil, este com sede na Rua do Lavradio, nº 97, no Rio de Janeiro. Grande foi o movimento dos irmãos que promoveram essa iniciativa tão nobre e feliz para a cidade.
Com o envolver das coisas, a maçonaria que é essencialmente evolutiva, no ano de 1917 fez a mudança de nome da Filantropia e Trabalho para Loja Maçônica Triângulo Mineiro, continuando, ainda, sob a orientação do Grande Oriente do Brasil. Com esse nome permaneceu até 6 de junho de 1936, quando fez convênio, fusão com outra Loja existente na cidade, a Brasil Central. Esta última Loja pertencia a outra orientação, ou seja, outra potência Maçônica, o que não significa maçonaria diferente. Em substância, a Maçonaria é a mesma. Em 6 de junho de 1936, por iniciativa dos irmãos de ambas as lojas – Triângulo Mineiro e Brasil Central, com a aquiescência dos poderes competentes, Grande Oriente do Brasil e Grandes Lojas de Minas Gerais – foi celebrado o convênio, a fusão, resultando daí a atual Loja Maçônica União Araguarina. Sua sede era na Rua Municipal, hoje Rua Cel. José Ferreira Alves; seu antigo prédio foi vendido para ser construído o novo templo, com planta e projeto elaborado de acordo com as novas exigências da Ordem, de acordo com seu desenvolvimento social. Havia crescido o seu quadro social com a fusão ou reunião das duas lojas maçônicas. Hoje a União Araguarina possui um grande patrimônio, grande terreno e um prédio com todas as instalações necessárias ao bom andamento de seus trabalhos em seus diversos departamentos. Esta sede está localizada na Praça João Pinheiro, seu quadro social eleva-se para mais de duzentos sócios, todos integrados e perfeitamente identificados dentro da nossa melhor sociedade.
A Maçonaria em nossa cidade tem colaborado de maneira eficiente com nossas autoridades, emprestando, como é de seu programa, as mais efetivas iniciativas ao desenvolvimento da cidade.

Associação Comercial e Industrial de Araguari: Fundada em 19 de maio de 1935, declarada de utilidade pública pela Lei Estadual nº 4.799, de 3 de junho de 1968, e pela Lei Municipal nº 1.257, de 19 de outubro de 1967. Sua finalidade é a de defender os interesses do comércio e da indústria.
Foram seus presidentes até o momento:
1 Joaquim Alves Pereira (1935-1936 / 1936-1937)
2 Gerson Costa (1937-1938)
3 Augusto Costa (1938-1939)
4 Antonio Barbosa (1939-1940)
5 Orlando Medeiros (1940-1941 / 1941-1942)
6 Alfredo de Oliveira Santos (1942-1943)
7 Assad Saad (1943-1944)
8 Democrito Wandenkolk (1944-1945)
9 Antonino Lemos da Silva (1945-1946)
10 Gerson Costa (1946-1947)
11 Milton de Lima (1947-1948)
12 Antonio Boaventura Sobrinho (1948-1949 / 1949-1950)
13 Calimério Pereira de Ávila (1950-1951 / 1951-1952)
14 Teodoreto Veloso de Carvalho (1952-1953 / 1953-1954)
15 Lutero Vieira (1954-1955 / 1955-1956 / 1956-1957)
16 Wady Gebrim (1957-1958)
17 Natal Mujalli ((1958-1959 / 1959-1960 / 1960-1961 / 1961-1962 / 1962-1963)
18 João Maldonado Filho (1963-1964)
19 Napoleão Rodrigues Borges (1965-1966)
20 Gabriel Veloso de Araujo (1966-1967)
21 Antonio Boaventura Sobrinho (1967-1969)
22 Teodoreto Veloso de Carvalho (1969-1971)

Sindicato Rural de Araguari: Fundado inicialmente com o nome de Associação Rural de Araguari, em 22 de abril de 1958, transformou-se em Sindicato Rural de Araguari no dia 27 de janeiro de 1966, com a finalidade de colaborar com os poderes públicos no desenvolvimento da solidariedade social; manter serviços de assistência técnica, social e jurídica aos seus associados visando a orientação e proteção da categoria; promover a criação de cooperativas para a classe que representa; fundar e manter escolas de alfabetização e pré-vocacionais, etc.
A 1ª exposição Agropecuária e Industrial de Araguari sob o patrocínio do Sindicato Rural de Araguari se deu no período de 3 a 7 de setembro de 1960, quando era presidente o Sr. João Pereira de Araujo.

Clube de Diretores Lojistas de Araguari: O Clube foi fundado em 7 de novembro de 1967 e é o 103º Clube desta natureza existente no Brasil.
Filiado ao Clube de Lojistas do Brasil, o CDL representa o início de um movimento de grande amplitude no setor lojista nacional e tem como principais metas o aperfeiçoamento de técnicas de vendas, entrosamento e aproximação dos proprietários de lojas e a disciplina do crédito, através do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), órgão de grande importância e considerado como o melhor serviço prestado ao Clube.
O SPC de Araguari funciona desde meados de dezembro de 1967 e conta com um grande número de sócios representando a maior força do comércio local.
O SPC de Araguari mantém um convênio com todos os SPC do Brasil e encontra-se em condições de informar e receber informações de quaisquer pessoas que venham para nossa cidade.

Rotary Club de Araguari: Fundado em 22 de outubro de 1941, admitido em R.I. em 13 de novembro de 1941, membro do Rotary Internacional nº 5.434, Distrito 453.
O Rotary Club de Araguari foi organizado em 15 de setembro de 1941 e sua instalação definitiva se deu em 22 de outubro do mesmo ano. Presidiu a solenidade o governador Dario Ribeiro Filho, Distrito 28, e estiveram presentes os companheiros do Club padrinho, Abelardo dos Santos Monteiro Pena, [...], muna.
O primeiro Conselho Diretor que se constituiu para o ano rotário 1941-1942 iniciou com a seguinte representação:
Presidente: Arcino Santos Laureano; Vice-Presidente: José Belizário Filho; Secretário: João Gomes dos Santos; Tesoureiro: João Ribeiro; Diretor de Protocolo: Orlando Medeiros; Diretores sem pasta: Joaquim Alves Pereira, Oswaldo Pieruccetti, Petrônio Accioly.
Lions Club de Araguari: Fundado em 14 de maio de 1960. Club padrinho (que fundou) Anápolis Leões. Padrinhos: Anapolino de Farias e Raul Balduíno, do Lions Club de Anápolis, Goiás.
A entrega da Carta Constitutiva se de a 24 de setembro de 1960, era governador do Distrito, na época, Pedro Afonso Mibielo de Carvalho.

Outras entidades de classe existem em Araguari e que exercem grande influência em nossa comunidade:
União dos Estudantes de Araguari, Sociedade Amigos de Araguari, Associação Médica, Associação Odontológica, Associação dos Motoristas, Club de Caça e Pesca, Centros Gerais de Estudos e Oratória, Associação dos Moradores do Bairro do Rosário, União da Mocidade Presbiteriana de Araguari e outras.

COMÉRCIO E INDÚSTRIA

Na formação histórica da vida comercial de Araguari, encontramos três elementos preponderantes: o mascate, o fazendeiro e o cometa (caixeiro-viajante). O primeiro trazia mercadorias de fácil condução e entrega, dos centros adiantados, tais como tecidos, utensílios para uso pessoal e doméstico, perfumes, armarinhos, calçados, roupas feitas, etc. O mascate percorria longas distâncias a pé, com um pesado baú às costas e visitava a então Vila de Ventania, depois Brejo Alegre e as fazendas adjacentes. Não dispondo de meios de propaganda, quase inexistente na época, levava uma espécie de matraca à destra, que com o barulho procurava despertar a atenção da freguesia. Eram, em geral, de nacionalidade síria. O segundo (fazendeiro), dispondo de recursos primitivos de transportes – carro de bois e tropa de muares – demandava aos centros comerciais mais próximos da região e de lá traziam as mercadorias grossas: sal, arame farpado, querosene, café, etc., e levava em troca toucinho em rolos, açúcar de forma, polvilho, farinha de mandioca e de milho, algodão e cereais de sua colheita.
Depois que se instalaram na vila os primeiros estabelecimentos comerciais (vendas), apareceu o terceiro elemento: o cometa, assim apelidado o caixeiro-viajante porque, dadas as dificuldades de transportes e locomoção existentes as suas visitas comerciais se repetiam com intervalos de seis meses para mais. A este muito ficou devendo o desenvolvimento comercial de Araguari. Era o único meio de aproximação e contato com os centros mais adiantados em comércio. Não existindo serviço postal, telegráfico e estrada de ferro, o “cometa” prestava valiosa contribuição aos novos e inexperientes negociantes, dando-lhes preciosa orientação, excelentes informações e muitas vezes trazendo-lhes pequenas encomendas. Viajavam com tropas de muares que conduziam sua bagagem, amostras e cozinha. Era auxiliado por um grupo de tropeiros, homens rudes e fortes, afeitos às penosas e longas viagens em lombo de animais, contratados no sertão e perfeitos conhecedores do interior.
O dia da chegada do “cometa” na localidade era de festa. Trocavam-se amabilidades entre ele e as principais famílias da vila, havendo convites recíprocos de almoços, ceias, bailes, etc.
Esses foram os primeiros sinais do comércio Araguarino.
No fim do século XIX foi instalada, no local hoje ocupado pelo Hotel Central, a primeira casa comercial de vulto, com variado sortimento. Foi seu proprietário o Sr. Joaquim Botelho. Logo após vieram outras firmas: Egídio Costa, Teófilo de Godoi e Edmundo de Godoi, instalados no largo da matriz e Ana Sampaio no local onde hoje é a residência do Sr. Osmundo Rodrigues da Cunha. Os ramos comerciais eram invariavelmente os mesmos: tecidos, armarinhos, roupas feitas, perfumarias, querosene, sal, cereais, calçados, etc.
Com o aumento da vila, foi fundãdo o Hotel Brasil, no Largo do Rosário, de propriedade do Sr. Olimpio Ferreira dos Santos, que mais tarde foi substituído pelo Hotel Solon no mesmo local. Foi montada também nesta época a primeira máquina de beneficiar arroz, de propriedade do Sr. Teodofredo Perfeito. Era movida a vapor.
Em 1895 foi organizada uma firma em estilo mais avançado de propriedade dos Srs. José Ferreira Alves e José Vieira de Castro. Com a chegada dos trilhos da Mogiana em 15 de novembro de 1896, vieram para esta localidade diversos comerciantes de Uberaba. Caldeira e Gomide, Ribeiro Veloso e Cia., Rato e Froes e outras no ponto terminal dos trilhos na Mogiana onde é hoje a Avenida Joaquim Anibal. Daí para cá Araguari tornou-se um grande centro de influência e o seu comércio e indústria teve notável progresso até chegar os dias de hoje.
A primeira indústria de Araguari data de 18 de março de 1885. Partiu do Sr. Joaquim Gonçalves Goulart que encaminhou à Câmara m requerimento pedindo que fosse demarcado um terreno apropriado para o fabrico de adobes.
Em 1916 foi instalada pelo Sr. Dante Galassi a primeira charqueada de Araguari, sendo que em sua caldeira era adicionada lenha.
Atualmente estão em funcionamento em Araguari mais de 120 indústrias, sendo as principais: frigoríficos, máquinas de arroz, indústria de cerâmicas, fábricas de adubos e fertilizantes, fábricas de equipamentos frigoríficos, de manteiga e queijo, fábrica de cortiço e isolamentos e outras pequenas indústrias. Localiza-se também em Araguari um dos principais curtumes da região e um frigorífico especial de abate de equinos cuja produção é exportada para Europa e Ásia.

ESTRADA DE FERRO DE GOIÁS

Ferrovia que constitui um capítulo à parte na nossa história.
A idéia da Estrada de Ferro de Goiás surgiu da idéia de se ligar por ferrovia a capital da República (Rio de Janeiro) à antiga capital de Goiás.
Por um projeto de lei apresentado em 1851 pelo deputado Paulo Cândido, a idéia pareceu criar corpo, mas, naquela época, ainda não existia via férrea no Brasil.
O governo provisório, 1890, organizou um planejamento ferroviário para vários estados, e um de seus intuitos era ligar Goiás à Cuiabá à rede existente.
Foi feita uma concessão para uma linha que, saindo de Catalão, deveria alcançar Palma, e organizou-se para explorá-la a Companhia Estrada de Ferro Alto Tocantins.
Em 1904, o governo alterou aquele traçado, deslocando o ponto inicial para Araguari e o terminal para a capital de Goiás, mantendo os favores existentes, mas a aludida companhia foi transformada para Companhia de Estrada de Ferro de Goiás.
Em 28 de setembro de 1911 foi entregue ao tráfico o trecho entre Araguari e Engenheiro Bithout.
Em 1920, por um decreto o governo declarou caduco o contrato com a Companhia e a Estrada de Ferro de Goiás passou a ser administrada pela União. Hoje ela se encontra integrada na Rede Ferroviária Federal.

TIRO DE GUERRA 57

O Tiro de Guerra 57 que, quando de sua formação em 151 de novembro de 1915, recebeu o nº 232, sob o qual tantas gerações araguarinas receberam instrução militar. Nesse mesmo dia 15, o Tiro de Guerra 232 fez sai primeira parada militar tendo como porta-bandeira o Sr. Salvador Carvelo. Seu primeiro presidente foi o Ten. Maximinio Nunes.
Hoje o serviço militar em Araguari é efetuado pelo 2º Batalhão Ferroviário Mauá, que tantos e relevantes serviços têm prestado à nossa comunidade.

AEROPORTO

O nosso aeroporto com sua superfície plana e em grande extensão é um orgulho legítimo de nossa cidade.
Este aeroporto, para adquirir tamanha extensão, passou pelas mais variadas e interessantes transformações.
Até o ano de 1930, existia um pasto de propriedade de Benedito Charuto, nome vulgar. Em 1931, foi apresentado um projeto de lei em favor da construção de um campo de pouso em Araguari, o qual foi aprovado. O prefeito por intermédio de dois jagunços intimou o Sr. Benedito a entregar as terras que ocupava. Os jagunços foram bem municiados a fim de assegurarem o sucesso do trabalho, o que fizeram do seguinte modo, quando se achavam frente a frente com o Sr. Benedito: “Ocê tem que entregar as terras daquele pasto pra ser feito campo de aviação, e tem prazo de três dias para arrancar os arames”.
Benedito Charuto não era medroso, porém, de espírito progressista, imediatamente mandou retirar os arames que cercavam o terreno de sua propriedade [...] disso pelo menos naqueles tempos não possuía ela documentos que lhe assegurassem a propriedade.
Benedito era natural da Bahia. Era negro de pele, mas branco na alma. Possuía, apesar de gênio austero, ótimas qualidades. Exercia profissão de açougueiro, da qual se servia para um honesto meio de vida. Quando moço conseguiu juntar uma modesta, mas boa economia, o que veio mais tarde perder por consequências de graves doenças que o arrastaram à mais completa miséria até seus últimos dias de vida. Ele faleceu em 1945, numa modesta casa situada no antigo Largo da Barriguda. Seus funerais foram custeados pelos seus amigos, que sempre viram nele uma pessoa merecedora das mais dedicadas atenções, porque em vida fez o mesmo.
Em síntese é o que se consta do fato que deu origem ao nosso aeroporto.

SANTA CASA DE MISERICÓRDIA

A Santa Casa de Misericórdia foi fundada em 18 de janeiro de 1917, e registrada no cartório do 2º ofício desta comarca em 1º de agosto de 1918, com seus estatutos aprovados e registrados em igual data, no mesmo cartório dos registros jurídicos, sob o nº 22, página 8 do livro nº 2, e averbado no dia 6 do mesmo mês, para fins de direito. Foi seu provedor por mais de 20 anos o Sr. Eufrosino de Oliveira.

CONSTRUTORES DA GRANDEZA HISTÓRICA DE ARAGUARI

Tertuliano Goulart: Era conhecido na intimidade simplesmente por Tula. Franzino no físico, mas de espírito de gigante pelo que realizou, em meio adverso e em tempo primevo.
Ele fundou a imprensa em Araguari, vindo de Bagagem onde já era jornalista e proprietário de tipografia, que tudo transferiu para esta cidade.
Nasceu em 7 de setembro de 1855, em Estrela do Sul. Era filho de Joaquim Gonçalves Goulart e de D. Teodolina Mendes de Carvalho.
Nascendo e vivendo em meio tão sugestivo pelas tradições, pela paisagem e pela população garimpeira de mistura de homens de intelecto e trato social, a imaginação de Tula foi incitada desde logo, alimentada fartamente para cumprir o destino que lhe estava traçado.
Querendo como todo o moço árdego influir no meio, arrancando-o de preconceitos e erros próprios do meio em que os aventureiros pululam, ele enxergou na imprensa a alavanca para o ingente esforço. E assim redigiu vários periódicos de sua propriedade: Bagagem, O Garimpeiro, Estrela do Sul e outros. Ele escrevia, compunha, revisava, emendava e imprimia seus jornais. Seu afã foi luminoso. Não fraquejou diante de dificuldades. Aguerrido e polemista, ele lutou, ferindo batalhas em prol do progresso da região. É de ser citado o da extensão da Rede Mineira de Viação até Estrela do Sul e dali a Araguari. E ele estava com a razão. Este foi seu maior empenho. Seu obsedante ideal. E só isso bastaria para consagrá-lo à admiração dos araguarinos.
Quando veio para Araguari trouxe consigo seu último jornal editado, O Evangelista. Aqui fixou residência em 21 de abril de 1894, logo fundando O Araguari, decano da nossa imprensa e que devia tornar a ser editado. Dedicou-se inteiramente à solução dos problemas desta terra.
Caracterizava-se, na imprensa, pela fibra inquebrantável e pela integridade de caráter e pela honestidade de sua vida, o que lhe permitia o desassombro de sua pena, sempre bem-intencionada, persuasiva e progressista.
Todos os aspectos de Araguari mereciam o seu interesse jornalístico sadio. Até que em 1º de julho de 1939 a morte veio lhe descansar a pena brilhante, que ainda não foi retomada, isto é, foi retomada por Antonio Nunes de Carvalho Filho, para de novo ficar imóvel e digna, num repouso honroso.
No dia 21 de abril de 1894 apareceu o primeiro número de O Araguari, que ininterruptamente se publicou durante 36 anos, sob a direção de Tertuliano Goulart.
Por sugestão de Lindolfo França Dofico, foi dado o nome de Tertuliano Goulart a uma das ruas da cidade, o que bem traduz o apreço da nossa cidade e da nossa gente por um homem que soube amá-la, servi-la e engrandecê-la.

Padre Lafaiete de Godoy: É uma das figuras de maior relevo da história de Araguari. Seu nome cresce, avulta-se na pena do historiador, seja para um retrospecto ligeiro de pesquisa histórica, ou para um estudo mais profundo do nascimento e evolução do nosso município.
Deputado provincial, em 1988 elaborou e defendeu o projeto que se transformou na lei provincial que elevou Brejo Alegre à cidade, dando-lhe o belo nome de Araguari.
Pe. Lafaiete nascem em Bagagem, no dia 8 de julho de 1860. Era filho de João Batista de Godoy e D. Tiburcia Guilhermina de Godoy (a qual foi a primeira pessoa a ser sepultada no cemitério local).
Em setembro de 1872 foi para o Colégio de Caraça. Concluindo o curso de humanidade naquele estabelecimento teve que aguardar a idade para continuar os estudos no seminário. Em fevereiro de 1882 seguiu para a velha capital de Goiás onde recebeu ordens sacras. Posteriormente laureou-se em Direito Canônico em Roma. De 1888 a 1889 ocupou a cadeira de deputado provincial. Após a proclamação da República, afastou-se por motivos de convicção íntima, da política, coerente com a sua formação monárquica. Celebrada a sua primeira missa, festivamente, na velha Bagagem a 8 de setembro de 1885, lá esteve como cura d’almas. Depois esteve com a mesma provisão em Ponte Nova, Aterrado, Sertãozinho, Batatais, Pindamonhangaba e São Simão as duas primeiras em Minas e as outras no Estado de São Paulo. Recolhendo-se à vida privada, passou a residir nesta cidade, onde se tornou um conselheiro natural de todos os setores das atividades municipais. Celebrizou-se especialmente pelo seu combate à Maçonaria, criando a célebre “tripligoides”, com a qual taxava os maçons, gozando, entretanto, da amizade particular de todos eles.
Era irmão de D. Mariquinha de Godoy, sua grande colaboradora em obras assistenciais.
Faleceu no dia 8 de junho de 1935 e foi sepultado excepcionalmente no cemitério particular dos padres dos Sagrados Corações.

[...] estendendo-se pelo Brasil inteiro e também para fora do Brasil, sem dúvida Joaquim Alves Pereira é o nome mais alto que se possa pronunciar ligado a Araguari no aspecto econômico.
Era comerciante e industrial, o importador e exportador cujo renome ultrapassara as fronteiras do Brasil.
A morte o colheu válido, em plena forma, quando estava alçando o seu voo mais alto, verdadeiro condor andino que era na sua vergadura intelectual e no seu dinamismo.
Sua vida de comerciante começou quando se tornava de menino em jovem. Isto foi exigido pela saúde de seu pai, Sr. Anibal Alves Pereira, que necessitava do braço e da inteligência do único filho varão. Deixou o Mackenzie College, interrompendo seus estudos, e veio colocar-se ao lado do pai, assumindo a gerência da importante firma comercial da Avenida Boa Vista.
Tremendo golpe, para Joaquim, ainda menino quase, foi o falecimento de seu venerando genitor, em 1923. Apoiaram, no entanto, no doloroso transe, seus parentes, Mateus Alves Pereira, tio e coronel Belchior de Godoy, organizando-se em sociedade, na firma Pereira & Cia.
Assim apoiado e prestigiado, Joaquim Alves Pereira pode demonstrar toda a sua capacidade. A firma Pereira & Cia não demorou a se tornar líder do Triângulo Mineiro. O giro comercial e industrial avolumou-se. Abriram-se filiais e sucursais por toda a parte: Rio de Janeiro, São Paulo, Anápolis e Belo Horizonte. Borracha de mangabeira, rutilo, cristal de rocha, malacacheta, arroz, feijão, algodão, etc., em alta escala. Pereira & Cia, sob a direção de Joaquim Alves Pereira, tornou-se uma das principais organizações econômico-financeiras do país. Se a morte não apanha Joaquim Alves Pereira, Araguari teria outro destino, sem dúvida nenhuma, estando o seu progresso bem mais adiante, gigantescamente adiante. Seu lema era: “Tem de tudo para todos”, era uma verdade. Nunca mais houve, em Araguari, outra personalidade igual a Joaquim Anibal, ainda que os tempos que vieram depois dele tenham sido mais propícios. Ele teve que vencer dificuldades que para os outros teriam sido insuperáveis.
E o que mais admirava era a sua juventude, pois sua idade não era para tamanhas realizações. Verdadeira nova revelação, revolucionária, que quebrou todos os tabus ambientes, que suplantou todos os prognósticos, atuação marcante e gritante, Joaquim Alves Pereira, na intimidade, Joaquim Anibal, foi araguarino dos mais ilustres, seu nome está gravado em letras de ouro na nossa história.
Faleceu bem jovem no dia 20 de dezembro de 1943, quando voava do Rio para São Paulo em viagem comercial.
Ele parecia ter o dom da ubiquidade. Estava em toda a parte onde sua presença fosse necessária a boa marcha dos múltiplos negócios de sua firma.
Aqui teve refinaria de querosene, beneficiava borracha de mangabeira, explorava em Goiás minas de rutilo e cristal, que exportava diretamente para os Estados Unidos. Transportava em avião de carga de sua propriedade, além de outro para suas viagens mais urgentes. Cereais em alta escala que exportava também para os Estados Unidos, de onde vinha no retorno maquinarias. Foi presidente da Associação Comercial e fundador do aeroclube de Araguari.

Manoel Dos Santos Laureano (Manoel Bonito): O Sr. Manoel Bonito, como era popularmente conhecido por todos, era português. Nasceu em São Tiago da Guarda, no dia 7 de abril de 1869 e faleceu em Araguari aos 75 anos, em 22 de maio de 1943.
Aqui aportou jovem, em 1893. Casou-se em Portugal com D. Maria Amélia Diniz Santos Laureano, em 1906, indo à pátria para esse fim, trazendo a esposa para Araguari, onde radicou-se definitivamente, nascendo-lhe oito filhos. Iniciou suas atividades no Brasil, terra de adoção, como simples trabalhador. Era carpinteiro. Dedicou-se passado certo tempo à indústria de madeiras montando serraria de macaúba, neste município. Ingressou após no ramo de cereais, montando grande máquina de beneficiar arroz.
Depois de ter construído sólida residência, prédio onde funciona a Goiás Atlética, já em 1929, em plena crise mundial, com profundos reflexos em Araguari, ele seguindo os impulsos de visão notável que o caracterizou, deu começo à construção do majestoso bloco arquitetônico que ocupa o quarteirão mais central da cidade, na antiga Praça Francisco Salles, merecidamente mudando o nome para Praça Manoel Bonito, em homenagem ao homem que tanto fez por Araguari num período em que todos os homens de negócio estavam acovardados. Nesse bloco, ressaltam o Palace Hotel, antigo Clube Recreativo e Cine Rex, bloco que inaugurou em Araguari um novo ritmo de modernização.
Foi também seu impulso de progresso inteligente que causou esse orgulho pioneiro da radiotransmissão em nossa terra, a PRJ3, Rádio Araguari, hoje com 5.000 watts de potência. Denominava-se a princípio Rádio Universo, mas a pedido de Manoel Bonito entrou no ar com o nome de Sociedade Rádio Araguari, numa afirmação de seu amor e gratidão a esta terra.
O Decreto nº 22, de 20 de julho de 1938, é que mudou o nome da Praça Francisco Salles para o de Manoel Bonito, em reconhecimento do muito que fez Manoel dos Santos Laureano por Araguari.

Coronel Marciano Santos: A administração política de Araguari teve duas figuras representativas, dos tempos anteriores ao mais a nós chegados: uma foi a do Cel. Olimpio Ferreira dos Santos, que governou Araguari como agente executivo por 18 anos; seguiu-lhe a figura do Cel. Marciano Santos, que trouxe à administração de Araguari feição moderna.
O Cel. Marciano Santos com seus irmãos mudaram-se da então Bagagem para Araguari. Muito influíram nos destinos da economia araguarina.
Marciano Santos era o chefe de família e mais prestimoso, mesmo porque ele se dedicou bem logo à atividade política tornando-se grande líder.
Foi alto comerciante e banqueiro firme. Eleito agente executivo de Araguari, só deixou o posto por ocasião da revolução da aliança liberal, que causou profundas mudanças no cenário político nacional, quando foi preso juntamente com o Cel. Belchior de Godoy, pela junta governativa militar-civil que se apossou do poder em Araguari.
Sua atuação em Araguari foi notável, e seu nome está ainda bem vivo na memória de Araguari das gerações mais antigas.

Coronel Belchior de Godoy: Nasceu em Araguari no dia 7 de setembro de 18875. Filho de Nicolau Alves Pereira e de Maria Cândida de Godoy, abastados fazendeiros deste município. Adquiriu instrução razoável no curso de humanidades, em Uberaba. Pela sua condição social de relevo à mercê do prestígio das duas famílias que era descendente, a família Alves Pereira, uma as pioneiras desta localidade, e Godoy, que aqui aportara do seu último movimento migratório da legendária Estrela do Sul. Belchior de Godoy ocupou alta posição no meio social e político de Araguari. Adolescente, já ocupava o lugar de vereador, revelando grandes qualidades.
A princípio, graças à influência da família e depois pela revelação de suas qualidades pessoais, Belchior de Godoy tornou-se o maior líder político de seu tempo.
Faleceu em 11 de outubro de 1949, com 74 anos de idade. Desta longa existência, meio século se confunde com a história de Araguari. Sua decisão e energia muito valeram no encaminhar Araguari para seus altos destinos.

Antonio Nunes de Carvalho: Nasceu em Carmo do Paranaíba, em 26 de novembro de 1882, tendo vindo para Araguari com 20 anos, aqui veio a falecer em 4 de agosto de 1954. Viveu 82 anos.
Veio trabalhar como guarda-livros na casa comercial de Marciano Santos, aqui se casou com D. Elisa Vieira de Carvalho, de cujo consórcio nasceu 14 filhos. Foi político de proeminência, sendo eleito vereador. Ocupou o cargo de tesoureiro do município. Comerciante, jornalista, sobretudo. Pensamento firme e bravo jornalista, muito elevou a tradição da imprensa araguarina. Em seu jornal, penas brilhantes de jornalistas de renome, ele aliciou: Polônio Tabosa, Câmara Filho, Leolince, Odorico Costa, Licidio Paes. Imprensa de vulto. Jornalismo robusto e de bravura, estilo grandiloquente. Imprensa de verdade.
Foi um dos bravos batalhadores da imprensa araguarina.

José Lemos da Silva: Antônio Lemos da Silva, homem de estatura dos patriarcas mais respeitáveis, aqui veio se radicar, tendo vendido as suas propriedades em Estrela do Sul. Aqui se estabeleceu definitivamente com seus numerosos filhos, hoje todos homens de alta valia na sociedade araguarina.
Isto aconteceu em 1918. Organizou com seus filhos importante firma comercial, que veio a ser uma das mais influentes de toda a região, dedicando-se principalmente ao ramo de cereais.
De seus filhos fez-se logo notado José Lemos da Silva, não só no meio econômico, como também nas atividades sociais. Tornou-se figura das mais marcantes e influentes de Araguari.
Homem de grande visão, aliou-se a Manoel Bonito para a construção do Cinema Rex, primeiro cinema moderno de Araguari.
Foi casado com D. Afra de Melo Lemos, vindo a falecer em 23 de fevereiro de 1946. Deixou três filhos: Hilton Lemos da Silva, Hermano e Ênio, este já falecido.

Miguel José da Costa: Uma das mais cultas intelectualidades do nosso meio social, a serviço das boas causas ligadas ao direito e à justiça. Foi também grande jornalista, redigiu jornais em que defendia os interesses de sua terra. Militou na carreira de advogado, a despeito de não ter se formado.

Olímpio Ferreira dos Santos: Homem abnegado e que estremeceu esta terra. Consagrou-se de corpo e alma à causa do povo que lhe demonstrou sua estima, gratidão e confiança, elegendo-o chefe do governo municipal, posto em que prestou relevantes serviços em diversas legislaturas.

Dr. Lamartine Santos: Filho de Araguari e uma das mais sadias inteligências que aqui vicejaram no campo da ciência médica, em que uma plêiade de moços da nova geração honram esta terra, elevando-a acima dos municípios mais prósperos e invejados.

Cel. Lindolfo Rodrigues da Cunha: Natural de Araguari, nasceu em 1851. Descendente de camponeses, gente laboriosa que deu ao município operosos lavradores e ao Triângulo cidadãos úteis. Cedo deixava o conforto do lar e ia para o seu retiro onde labutava em companhia de seus camaradas, de sol a sol. Desta existência laboriosa adquiriu fortuna honesta e sólida, constituída em parte por enorme escravatura. O seu primeiro assomo de abnegação foi libertar os seus escravos antes de ser decretada a lei áurea da abolição.
Em 1896, o Cel. Lindolfo dava os primeiros passos para a construção do asilo N. Sra. do Rosário, anexo à Santa Casa, edificada, também em grande parte com sua generosa contribuição. Político de grande prestígio, pleiteou e conseguiu exuberantes melhoramentos para sua terra.


 
O NOME ARAGUARI

            É assunto ainda discutível a origem e o porquê do nome dado à nossa cidade. São dadas várias interpretações ao vocábulo que são curiosas:
Do Dicionário Moderno da Língua Portuguesa, de Afonso Telles Alves:
Araguari – s.m. – Bras. Zool. Espécie de arara.
Araguari – Significa rio ou lago dos vales das aves. Alteração de Aragoari (Ara – papagaio; goa – vale; er-y – água).
Araguari – ar (ventania); água (brejo); ri (alegre) tripartindo o vocábulo numa fantasia pilhérica atribuída como coisa séria do Pe. Lafaiete.
Outros dizem que tem esse nome porque havia aqui numerosos periquitos verdes chamados  Araguari, porém o mais provável é que esse nome tenha sido tirado da canhoeira – navio de guerra – que participou da Batalha do Riachuelo, para dar título de Barão de Araguari ao Cel. Antonio Dias Maciel, pai de Olegário Dias Maciel, que patrocinou o projeto de criação do município.


6 comentários:

  1. Esta monografia ou documentário deve ser preservado em seus pormenores pela vasta e deslumbrante riqueza de seu conteúdo.Digo com toda a verdade que a pessoa que escreveu este texto estava iluminada e hoje...bem, hoje nós agradecemos!

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  2. Abdala Mameri.... Teria sido meu colega de colegio ou seria o pai deste? Adorei ler este trabalho e já compartilhei o link pra que meus irmãos possam desfruta -lo. Gratidão! Sou araguarina, filha de um ferroviário oriundo de Igarapava e um Indígena filha de garimpeiro goiano com uma indígena do lugar.minha história se perde entre as matas e campinas goianas e as cenzalas e os terreiros de café paulistas, talvez por isto seja tão importante conhecer a história da minha cidade natal!

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